Aos poucos, Rollemberg fica isolado para 2018

Depois do PDT, agora é a vez de o PSD, do vice-governador Renato Santana e do deputado federal Rogério Rosso, abandonar a base aliada. Pela reeleição, o governador aposta na força das possíveis coalizações nacionais feitas pelo PSB.

Por HELENA MADER-Correio Braziliense/Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil – 11/11/2017 – 10:57:18

 

O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) observa o esvaziamento da base aliada e convive com a possibilidade de chegar às eleições de 2018 marcado pelo isolamento político. Após perder o apoio do PDT, no mês passado, o chefe do Palácio do Buriti teve de lidar, ontem, com o desembarque do PSD — os dois partidos integraram a coligação que o emplacou no comando do GDF. Mas a dor de cabeça pode ser ainda maior: a Rede define, no próximo fim de semana, se rompe ou não com o Executivo local. Com a debandada dos principais parceiros, Rollemberg precisará investir pesado nas coalizões nacionais para que os efeitos dos acordos interfiram nas movimentações do meio político local.

O posicionamento da Executiva Regional do PSD, do vice-governador Renato Santana, põe fim a uma relação desarmônica com o PSB que perdura desde o início da gestão. A orientação é de que todos os correligionários que ocupam cargos no governo peçam exoneração dos postos, inclusive na Vice-Governadoria. “Fomos excluídos à época da transição. É uma posição bastante amadurecida, fruto do descompasso entre as decisões do governador com as nossas ideias”, justifica o presidente do diretório regional pessedista, o deputado federal Rogério Rosso.

Instantes após o PSD tornar pública a decisão, Rollemberg contra-atacou com a demissão do secretário de Justiça e Cidadania, Arthur Bernardes, indicado pela legenda. O ex-titular da pasta preparou uma carta pedindo exoneração, mas o governador se antecipou e determinou a publicação de uma edição extra do Diário Oficial do DF com a destituição de Bernardes do posto. O chefe de Gabinete de Casa Civil, Guilherme Rocha de Almeida Abreu, indicado por Sérgio Sampaio, deixou ontem a função para assumir o posto.

Em nota divulgada no início da noite, o governador alegou que “acata a decisão do PSD e espera que o partido na Câmara Legislativa continue apoiando as propostas importantes para o desenvolvimento da cidade”. “A participação na administração pública de Brasília pressupõe comprometimento e lealdade aos princípios que nortearam a formação da chapa vitoriosa em 2014”, destaca o texto.

Debate

Em uma semana, a Rede, do pré-candidato ao Senado Chico Leite, também deve deixar a base governista. O partido discutirá durante o congresso regional, previsto para 18 e 19 de novembro, a relação com Rollemberg. Apesar de avaliar as possibilidades de manter a aliança ou declarar oposição, a sigla deve optar por uma posição independente, com a entrega dos cargos ocupados por correligionários. Neste caso, pediriam demissão a presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Jane Vilas Boas, e o secretário de Meio Ambiente, André Lima — ambos defendem a permanência entre os aliados, mas devem acatar o posicionamento da legenda.

Porta-voz da Rede em Brasília, Pedro Ivo aponta que, no evento, a sigla colocará na balança os prós e os contras da gestão Rollemberg, além de analisar a compatibilidade entre os planos do partido e as promessas do governador. “Priorizamos o programa de desenvolvimento sustentável de Brasília por meio da ética e de uma nova política. Há os que acreditam que o governo fez o possível, apesar das dificuldades conjunturais e políticas, e os que desejam se desvencilhar para ter liberdade na avaliação de projetos”, pontua.

Independentemente das decisões regionais, a Rede também trabalha com o panorama nacional. A presidente da sigla, Marina Silva, avalia se candidatar ao Palácio do Planalto e articula o apoio do PSB. Integrantes do diretório regional da Rede argumentam que, no caso de uma aliança federal, o partido manteria a autonomia para tomar decisões no meio político local. Ainda assim, vale destacar que, em uma campanha mais curta, de 45 dias, cresce a necessidade de palanques eleitorais no maior número possível de unidades da Federação.

O Solidariedade, do deputado federal Augusto Carvalho, também analisa como se posicionará na corrida eleitoral de 2018 — a sigla integra a coligação que elegeu o governador. O parlamentar participou de um almoço com o senador Cristovam Buarque (PPS/DF) e com o deputado Rogério Rosso (PSD) nesta semana. Mas a decisão acerca da coalizão deve ser tomada à frente, uma vez que Carvalho quer mais tempo para decidir se rompe ou não com Rollemberg.

Nanicos

A movimentação entre os partidos nanicos que, hoje, apoiam o chefe do Executivo local também é intensa. O Pros está dividido. O deputado federal Ronaldo Fonseca mantém conversas semanais com o governador. Em contrapartida, o senador Hélio José declarou publicamente, durante a filiação de Ibaneis Rocha ao PMDB, que a legenda está à disposição dos peemedebistas para a construção de um acordo.

O Podemos, da ex-distrital Eliana Pedrosa, busca uma aliança para majoritárias, a qual permita que o partido use Brasília como palanque eleitoral para o pré-candidato à Presidência da República Álvaro Dias. Dessa forma, a parceria com Rollemberg em 2018 é incerta. O PRB, do empresário Wanderley Tavares, e o PHS flertam com o senador Cristovam Buarque, mas não descartaram um alinhamento com o chefe do Executivo local.

Sob avaliação

PSD

A sigla, do vice-governador Renato Santana, enfrenta atritos com o chefe do Palácio do Buriti desde o início da gestão. Vários foram os embates ao longo do mandato: de críticas públicas de Santana a Rodrigo Rollemberg devido ao aumento das passagens do transporte público e à sua exoneração do cargo de administrador regional de Vicente Pires. Por falta de espaço, o partido decidiu, ontem, deixar a base aliada e planejar novas coalizões para as eleições de 2018.

Rede

Partido do pré-candidato ao Senado Federal Chico Leite, a Rede definirá o futuro da aliança com Rodrigo Rollemberg durante o congresso regional da sigla, no próximo fim de semana. A legenda trabalha com três possibilidades: permanência na base aliada; declaração de oposição; e independência do governo, com a entrega de cargos. A tendência é que a última opção seja a escolhida.

Solidariedade

Integrante da coligação que emplacou Rodrigo Rollemberg no comando do GDF, o partido ainda avalia qual será o posicionamento adotado para a próxima corrida eleitoral. O presidente do diretório regional, deputado federal Augusto Carvalho, quer mais tempo para decidir ou não pelo rompimento. Ainda assim, na última quinta-feira, o Diário Oficial do DF trouxe a nomeação para a presidência da Emater, de indicação política do parlamentar, Roberto Guimarães.

Pros

A sigla vive um impasse para as eleições de 2018. Enquanto o deputado federal Ronaldo Fonseca vê com otimismo a possibilidade da renovação de uma aliança com o governador Rodrigo Rollemberg, com quem almoçou na última quinta-feira, o senador Helio José coloca o partido à disposição do PMDB, comandado pelo ex-vice-governador Tadeu Filippelli, para negociações.

Análise da notícia

Perda dos parceiros

» HELENA MADER

Depois de uma debandada em série de aliados, o governador Rodrigo Rollemberg perdeu oficialmente um dos principais parceiros da campanha de 2014: o PSD, sigla do vice-governador Renato Santana. O partido era visto como um conspirador em potencial dentro do governo havia quase um ano. Em janeiro, quando o GDF reajustou os preços das passagens, a relação entre Santana e Rollemberg azedou. Embora sem efeito prático dentro do Executivo, pois não havia uma parceria efetiva entre as siglas, o rompimento expõe publicamente o isolamento político do governador.

Sem os grandes aliados de 2014, Rollemberg conta hoje apenas com partidos nanicos e com a Rede, também na iminência de abandonar o barco. O poder da máquina pública não pode ser minimizado, mas a crescente oposição se prepara para cobrar do governador as promessas não cumpridas nesses anos de arrocho fiscal. Na reta final da administração, Rollemberg se esforça para dar visibilidade a suas realizações, como obras de infraestrutura em áreas carentes e o programa de regularização fundiária. E sonha com articulações nacionais que fortaleçam sua combalida base.

 

Fonte: Correio Braziliense

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