Deputado que quer criar semana heterossexual já viveu experiência gay

O deputado distrital Rodrigo Delmasso (Podemos) levantou publicamente esta semana uma bandeira em defesa do heterossexualismo. Propôs a aprovação de um projeto de lei que cria a Semana da Difusão da Cultura Heterossexual. Obviamente o tema é controverso porque a minoria sabidamente conhecida e que luta há anos contra a discriminação é a de homossexuais.

A iniciativa de Delmasso não foi exatamente uma surpresa entre os distritais, nem para a comunidade que acompanha o mandato do distrital. Ele pertence à chamada bancada evangélica da Câmara Legislativa. Por princípio, tem um discurso em “defesa da família”, contra o aborto, a favor do “relacionamento natural entre homem e mulher”. O que nem todo mundo sabe é que Rodrigo Delmasso já viveu experiência homossexual na juventude.

O assunto foi tema do testemunho de Rodrigo Delmasso para fiéis da igreja há muitos anos, quando nem pensava em seguir carreira política. Ele queria, por meio de seu depoimento, convencer outros jovens de que era possível “mudar de opção”. Uma das palestras de Delmasso foi para uma plateia de seguidores da Igreja Batista. Mas ele já falou também para os discípulos da Sara Nossa Terra, comunidade da qual faz parte.

Desde que se tornou político, no entanto, nunca mais tratou do assunto publicamente. Por isso, muitos eleitores dele não sabem que o distrital debate o tema com a propriedade de quem já viveu os dois lados de sua sexualidade.

Em entrevista ao Metrópoles na última sexta-feira (10/11), Delmasso explicou por que, apesar de seu passado incluir experiência homossexual, resolveu lutar em defesa dos “direitos de heterossexuais”.

Há alguns anos, o senhor deu testemunho para jovens da igreja sobre sua “mudança de opção sexual”. Suas vivências pregressas lhe motivaram a apresentar o projeto de lei para a criação da Semana da Difusão da Cultura Heterossexual?

Este caso é bem delicado. Eu falei em um contexto bem interno, até porque isso foi uma etapa muito pequena da minha vida. Enfim, acho ruim, neste momento, quererem utilizar essa questão contra a minha pessoa. Mas, vamos lá: não tenho problema nenhum em falar sobre o assunto. Hoje eu sou heterossexual, não por opção, mas porque eu sei que nasci assim. Se tive uma ou outra experiência relacionada à outra situação, vi que aquilo foi uma opção. Me arrependi amargamente por ter feito essa opção anteriormente, porque, na minha visão, era errada. Hoje tenho consciência e propriedade para dizer que as pessoas nascem heterossexuais e podem optar por serem homossexuais.

Qual o motivo de criar uma lei para promover a “cultura heterossexual”?

Hoje sou muito bem casado, tenho três filhos e defendo a difusão da cultura heterossexual não para combater a opção homossexual, mas um preconceito que existe em torno do heterossexualismo. Chegamos a um ponto em que todo hétero está vinculado a um ser machista, desrespeitoso, preconceituoso. Portanto, a difusão da cultura hétero é justamente para quebrar esse preconceito.

Veja a íntegra do projeto proposto pelo distrital:

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