Contaminação com superbactéria KPC isola 5 pacientes em hospital do Guará, no DF
Eles ainda não apresentaram sintomas e estão isolados. ‘Não há risco de surto’, diz secretaria; dado inicial, de 7 casos, foi corrigido.
inco pacientes do Distrito Federal estão isolados no Hospital Regional do Guará (HRGu) devido à contaminação pela “superbactéria” KPC. Segundo a Secretaria de Saúde, eles estão colonizados pela bactéria – ou seja, ainda não apresentam sintomas de infecção.
No início da tarde, a pasta chegou a informar que sete pacientes tinham sido isolados – incluindo uma pessoa infectada, com sintomas aparentes. O dado foi corrigido às 17h.
Os pacientes internados estão isolados de contato, recebendo tratamento com uso de antibiótico, e sendo monitorados pelo Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar. As circunstâncias da contaminação não foram detalhadas pelo governo.
A Secretaria de Saúde afirmou que “bactérias multirresistentes são micro-organismos comuns no ambiente hospitalar” e acrescentou que “no Distrito Federal, a situação está totalmente sob controle e não há qualquer risco de surto”.
O G1 foi ao Hospital do Guará nesta terça, mas representantes da direção informaram que ninguém estaria autorizado a falar sobre o assunto no local. Em razão da greve dos vigilantes, as visitas a pacientes internados estão suspensas, e apenas um acompanhante é permitido por leito.
Entenda o caso
A KPC faz parte de um grupo de bactérias “multirresistentes” – conhecidas popularmente como “superbactérias”. Isso significa que elas são imunes à maior parte dos antibióticos comuns, e que precisam ser enfrentadas com remédios muito mais fortes.
Em 2015, a KPC se alastrou por sete unidades de saúde do DF, e 7 dos 25 pacientes com quadros de contaminação ou colonização morreram. Na época, o governo do DF lançou um plano de enfrentamento às superbactérias, que previa maior rigor na higiene das unidades e no isolamento de pacientes infectados.
Em 2017, um bebê morreu e outros foram contaminados no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) por outra superbactéria, a Serratia. O mesmo micro-organismo já tinha sido identificado na unidade em 2013.
Ao longo do tempo, classes de bactérias comuns – Klebsiella e Escherichia, por exemplo – “aprenderam” a produzir enzimas que inativam a ação dos medicamentos convencionais. Com isso, o tratamento se tornou mais caro e difícil, exigindo o uso de antibióticos de maior impacto.
Além das enzimas, as superbactérias podem se desenvolver a partir da transmissão de plasmídeos, que são fragmentos de material genético (DNA) passados de um micro-organismo a outro. Esse “conhecimento compartilhado” é absorvido pelas diferentes classes de bactérias, espalhando a característica de maior resistência entre diferentes grupos.
A KPC já foi identificada em Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, Goiás e Santa Catarina. Ela faz parte da flora intestinal das pessoas e pode ser transmitida por meio do contato. As complicações costumam ocorrer somente em casos de pacientes com baixa imunidade, como os que estão com câncer em estágio avançado ou passaram por transplantes.
Fonte: G1