Projeto conecta moradores do DF e artistas para transformar W3 em galeria urbana

‘Obra à frente’ reuniu oito artistas e transformou fachadas de casas. Projeto vai oferecer visitas guiadas a pé.

Por Luiza Garonce, G1 DF

Projeto conecta moradores do DF e artistas para transformar W3 em galeria urbana

Luiza Garonce/G1

Informalmente, a W3 sempre foi uma espécie de galeria de arte urbana. Casas e estabelecimentos comerciais foram marcados, ao longo dos anos, com as cores das tintas de spray. Agora, um coletivo de artistas propõe oficializar essa ocupação por meio do grafite, da pintura e da colagem.

O projeto “Obra à frente” criou uma plataforma de interação entre moradores e artistas de Brasília para dar vida aos muros e fachadas de frente para a avenida, que já foi a principal da cidade.

Obra do artista plástico Alerrandro na fachada de uma casa da W3 Sul, em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1

Obra do artista plástico Alerrandro na fachada de uma casa da W3 Sul, em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1

“A ideia sempre foi revitalizar a W3, que é um lugar incrível, realmente uma galeria a céu aberto e que tem grande potencial de virar um espaço de encontro”, disse a artista Patrícia Del Rey, integrante do Coletivo Transverso, responsável pela iniciativa.

“A W3 tem potencial para virar um Beco do Batman [em São Paulo]. Muito mais, inclusive.”

Artistas de rua de Brasília pintam fachadas de casas da W3 no projeto ‘Obra à frente’G1 DF–:–/–:–

Artistas de rua de Brasília pintam fachadas de casas da W3 no projeto 'Obra à frente'

Artistas de rua de Brasília pintam fachadas de casas da W3 no projeto ‘Obra à frente’

No site do “Obra à frente”, moradores podem cadastrar a própria casa, disponibilizando uma ou mais paredes – que podem estar em qualquer estado: no cimento, lixada, pintada ou mesmo coberta com azulejos.

Obra do artista plástico e grafiteiro Thales Fernando (Pomb) em portão de casa da W3 Sul, em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1

Obra do artista plástico e grafiteiro Thales Fernando (Pomb) em portão de casa da W3 Sul, em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1

Na mesma plataforma, artistas visuais da cidade se apresentam e fazem a ponte com os moradores. Por meio do sistema, oito casas ganharam obras assinadas por Alerrandro, Borgê, Clarice Gonçalves, Lucas Gehre, Pedro Sangeon, Thaís Mallon, Thales Fernando (Pomb) e o Coletivo Transverso.

‘Walking tour’

Obra do Coletivo Transverso em fachada de casa na W3 Sul, em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1

Obra do Coletivo Transverso em fachada de casa na W3 Sul, em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1

Para apresentar o projeto à cidade, no dia 11 de maio arte-educadores farão uma visita guiada a pé, percorrendo a rota das casas que passaram pela intervenção. O “walking tour” vai continuar, pelo menos, até agosto – sempre uma vez por semana.

“São novos pontos turísticos. Em outros países, isso super funciona”, disse a artista Patrícia Del Rey.

“Em Buenos Aires tem vários passeios de street art. Em Londres, todo mundo quer comprar estêncil do Banksy. Nosso potencial turístico é gigante.”

Coletivo Transverso faz intervenção em fachada de casa na W3 Sul, em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1

Coletivo Transverso faz intervenção em fachada de casa na W3 Sul, em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1

O projeto foi custeado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC)para a realização das obras. Além das oito casas estreantes, outros cinco moradores haviam se cadastrado até a publicação desta reportagem.

“Todo mundo tem esse desejo de ocupar Brasília e pertencer à cidade”, disse Patrícia. Segundo ela, a capital passa por um momento de grande circulação de pessoas sem conexão umas com as outras. “É um lugar muito transitório e não um espaço de encontro e pertencimento.”

“A gente acredita que a arte urbana é capaz de dar um novo olhar pra esse espaço.”

Obra do artista plástico e grafiteiro Thales Fernando (Pomb) em portão de casa da W3 Sul, em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1

Obra do artista plástico e grafiteiro Thales Fernando (Pomb) em portão de casa da W3 Sul, em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1

Para o futuro, a ideia dos organizadores é criar um aplicativo que facilite, ainda mais, a negociação entre os moradores e os artistas – que decidem os desenhos e a cobertura dos gastos em comum acordo. O desejo é expandir o projeto para todo o Distrito Federal.

“Trazer mais criatividade e momentos de fruição. Quando você está dentro da cidade, fica exposto a palavras de ordem e publicidade. É difícil ter um convite pra você se encontrar consigo mesmo, mas a arte faz isso.”

“A arte te propõe rever a cidade de outra maneira e compartilhar os espaços com o outro.”

Obra do artista plástico Pedro Sangeon, autor do personagem Gurulino, em portão de casa da W3 Sul, em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1

Obra do artista plástico Pedro Sangeon, autor do personagem Gurulino, em portão de casa da W3 Sul, em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1

Fonte G1

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