‘Ele sabia do risco, mas precisava trabalhar’, diz mãe de motorista de aplicativo assassinado no DF

Foto: Afonso Ferreira/G1

Henrique Fabiano Dias Coelho foi enterrado nesta segunda-feira (14). Seis adolescentes foram apreendidos pelo crime.

Parente e amigos no enterro de Henrique Fabiano Dias Coelho — Foto: Afonso Ferreira/G1
Parente e amigos no enterro de Henrique Fabiano Dias Coelho — Foto: Afonso Ferreira/G1

Parentes e amigos do motorista de aplicativo Henrique Fabiano Dias Coelho, de 25 anos, se reuniram na tarde desta segunda-feira (14) para o enterro do jovem, assassinado no fim de semana durante um assalto. O sepultamento ocorreu no cemitério de Taguatinga.

Henrique foi encontrado morto na madrugada de domingo (13), em uma área próxima ao Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), em Brasília. Seis adolescentes foram apreendidos pelo assassinato (entenda abaixo).

Durante o enterro, a mãe do motorista, Ana Cléa Ferreira, disse que o filho já havia demonstrado preocupação com os riscos enfrentados no trabalho.

“Ele sabia do risco, mas precisava trabalhar. Todo motorista de aplicativo sabe que vai sair, mas não sabe se volta. Ele dizia que rejeitava algumas corridas quando via que podia haver algum perigo. Mas não foi suficiente.”

Ana Cléa também pediu a aplicação de medidas que possam trazer mais segurança a esses motoristas. “Eu quero justiça. Quero que seja feita alguma coisa para dar condições de trabalho a esse povo. Para que nenhuma outra mãe tenha que passar pelo que passei nos últimos dois dias”, disse.

Segurança

Motoristas de aplicativo fizeram uma carreata durante o enterro — Foto: Afonso Ferreira/G1
Motoristas de aplicativo fizeram uma carreata durante o enterro — Foto: Afonso Ferreira/G1

A morte de Henrique foi a segunda de um motorista de aplicativo no último fim de semana. A Polícia Civil também investiga o óbito de Tiego do Carmo Cavalcante, de 28 anos. O corpo dele foi encontrado no sábado (12), em uma estrada de chão em Samambaia.

Tiego foi baleado no rosto e o carro dele não estava no local. A polícia ainda apura o caso. Em protesto contra a falta de segurança, motoristas de aplicativo fizeram uma carreata durante o enterro de Henrique Fabiano Dias Coelho.

O grupo saiu do Taguaparque e seguiu em direção ao cemitério onde ocorria o sepultamento. Os carros traziam mensagens com pedidos de justiça e segurança. Os motoristas também buzinaram enquanto se aproximavam da capela.

Quem era Henrique?

Henrique Fabiano Dias Coelho, 25 anos, foi encontrado morto no SIA, em Brasília — Foto: Arquivo pessoal
Henrique Fabiano Dias Coelho, 25 anos, foi encontrado morto no SIA, em Brasília — Foto: Arquivo pessoal

Morador de Samambaia, Henrique era torcedor do Flamengo e uma blusa do time foi colocada sobre o corpo dele no enterro. Segundo a mãe, ele era o filho mais velho e seu “braço direito” em casa.

Pessoas próximas ao jovem também o descrevem como uma pessoa sempre disposta a ajudar. “Era um menino responsável. Ele ajudava em casa desde criança”, afirma o amigo da família Willian Lima, de 40 anos.

“[Esse crime] arrancou tudo o que eu tinha dentro de mim. Ele era um excelente menino e fazia tudo por todo mundo”, afirma a avó de Henrique, Maria da Penha Moraes Coelho.

O crime

Os seis adolescentes apreendidos pelo crime confessaram o assassinato, segundo a polícia. As investigações apontam que o grupo pediu uma corrida na saída de uma igreja, em Águas Claras, com destino ao Guará. No trajeto, eles anunciaram o assalto.

Os menores contaram em depoimento na delegacia que estavam com uma arma falsa. Eles mandaram Henrique parar o carro e, ao perceber que se tratava de um simulacro, a vítima teria reagido. O jovem trabalhava há dois meses como motorista.

Um dos suspeitos disse à polícia que enforcou o homem até ele desmaiar. Ao acordar, Henrique foi imobilizado novamente e não resistiu à agressão. Ele morreu no local. O corpo foi abandonado em uma área do SIA e localizado, horas depois, por um taxista.

Celulares, facas, canivetes, facão, dinheiro e a habilitação de Henrique foram encontradas com os suspeitos.  — Foto: Polícia Militar/Divulgação
Celulares, facas, canivetes, facão, dinheiro e a habilitação de Henrique foram encontradas com os suspeitos. — Foto: Polícia Militar/Divulgação

Segundo a Polícia Militar, o grupo fugiu com o carro e, depois do crime, deixou o veículo no estacionamento de um supermercado, na tarde de domingo (13). De lá, eles seguiram para um shopping. Em seguida, os adolescentes foram para a QE 30 no Guará, onde o carro foi localizado à noite.

Com os suspeitos, a polícia apreendeu uma arma falsa supostamente usada no crime, além de um facão e uma faca. Na ocorrência consta que eles estavam também com um canivete, cinco celulares e R$ 103 em dinheiro.

Os adolescentes foram encaminhados para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), na Asa Norte.

Fonte: Afonso Ferreira, G1 DF

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