MP investiga mortes dos tigres Dandy e Maya no zoo de Brasília

Foto: Zoológico de Brasília/Divulgação

Casal de irmãos morreu em intervalo de uma semana, entre setembro e outubro. Macho teve insuficiência renal; fêmea passou por cirurgia no útero e não resistiu.

Maya, a fêmea da espécie tigre-de-bengala tinha dez anos e vivia no Zoológico de Brasília.   — Foto: Divulgação/Zoológico de Brasília
Maya, a fêmea da espécie tigre-de-bengala tinha dez anos e vivia no Zoológico de Brasília. — Foto: Divulgação/Zoológico de Brasília

O Ministério Público abriu um inquérito para investigar as mortes dos tigres-de-bengala Dandy e Maya no Zoológico de Brasília. O casal de irmãos era criado em cativeiro e morreu no intervalo de uma semana após uma transfusão de sangue e uma cirurgia no útero, respectivamente (veja detalhes abaixo).

Além de investigar supostas irregularidades na gestão do espaço, o inquérito quer ouvir servidores do zoo e técnicos que participaram do atendimento aos animais. O documento – publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira (16) – deu um prazo de 15 dias para a Fundação Jardim Zoológico prestar esclarecimentos.

Para a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente (Prodema), houve “provável negligência no trato, atendimento, transferência de recintos e monitoramento dos animais”. Segundo o texto, a perda dos dois tigres pode “decorrer de negligência, imprudência e imperícia dos agentes públicos”.

Em nota, a direção do zoológico disse “estar ciente” do inquérito e afirma que os profissionais envolvidos nos procedimentos estão “prestando todos os esclarecimentos necessários para a investigação”.

Dandy, tigre-de-bengala que vivia no Zoológico de Brasília — Foto: Zoológico de Brasília/Divulgação
Dandy, tigre-de-bengala que vivia no Zoológico de Brasília — Foto: Zoológico de Brasília/Divulgação

Outras providências

Na portaria, o MP solicita que profissionais do Conselho Federal de Medicina Veterinária deem auxílio técnico na análise dos casos e pede à Secretaria de Meio Ambiente do DF que apresente as providências adotadas, neste ano, pelo zoo para que fossem evitados mais mortes de animais, em especial os de médio e grande porte.

Ao longo do processo, após a notificação do zoológico e o envio de documentos, o MP vai iniciar a oitiva de testemunhas e, se encontradas irregularidades no atendimento aos animais, uma Ação Civil Pública pode ser aberta na Justiça.

A investigação também pode resultar em um recomendação ou na assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Mortes dos tigres

Dandy

A morte de Dandy, o macho da espécie, foi comunicada pelo Zoológico de Brasília em 2 de outubro. O animal tinha 10 anos e morreu dias antes, em 29 de setembro.

Em nota de pesar, a entidade afirmou que o tigre acordou apático e, mesmo após ser atendido pela equipe médica, não resistiu. Ele passou por um procedimento para doar sangue à fêmea da espécie que vive no local, Maya.

De acordo com o zoo, apenas um litro de sangue foi retirado. Exames mostraram, depois, que o tigre estava com insuficiência renal.

Maya

Já a tigresa foi diagnosticada com uma infecção no útero e precisou passar por cirurgia. De acordo com os veterinários, o procedimento correu bem. Dois dias depois os pontos romperam e Maya teve que passar por outra cirurgia para reparo do trajeto intestinal e não resistiu.

Outras mortes

Girafa no Zoológico de Brasília — Foto: Nilson Carvalho/Agência Brasília/Divulgação
Girafa no Zoológico de Brasília — Foto: Nilson Carvalho/Agência Brasília/Divulgação

O Zoológico de Brasília registrou, ao menos, seis mortes de animais de grande e médio porte no último ano. Em março de 2018, uma adax fêmea – espécie de antílope do norte da África – morreu na unidade. Gaia tinha 2 anos e meio e fazia parte do programa de conservação da espécie.

A girafa Yvelise, de 7 anos, também morreu no espaço, durante uma cirurgia veterinária. Segundo a instituição, a causa foi um distúrbio intestinal que provocou a torção do órgão e a necrose das células. O tempo médio de vida das girafas é de 15 a 20 anos.

O elefante Babu morreu, aos 25 anos, em janeiro do ano passado. O primeiro laudo da necrópsia apontou que a causa da morte foi uma inflamação no pâncreas. Este ano, um relatório confirmou que infecção no fígado (hepatite) fez animal se retrair, prejudicando circulação de sangue.

Fonte: Marília Marques, G1 DF

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