DETOX DIGITAL: SERÁ QUE VOCÊ PRECISA DE UM?

Uso de celular não causa câncer nos olhos; entenda

Era hiperconectada tem gerado efeitos colaterais como ansiedade, depressão, estresse e distúrbios do sono

Quando usamos o celular antes de dormir, o cérebro pensa que está longe da hora de descansar Foto: Getty Images
Quando usamos o celular antes de dormir, o cérebro pensa que está longe da hora de descansar Foto: Getty Images

Tem pouco mais de uma década que os celulares ficaram smart e passaram a incorporar mil e uma utilidades. Desde então, a dependência da humanidade nessas telinhas luminosas só aumentou, a ponto de serem chamadas de “os novos cigarros”. Exageros à parte, médicos e psicólogos têm observado os efeitos colaterais dessa era hiperconectada na forma de ansiedade, depressão, estresse e distúrbios do sono. O desafio dos especialistas, agora, é auxiliar usuários a tirar proveito dessa tecnologia sem prejuízos para a saúde.

Segundo uma pesquisa recente da consultoria britânica Tecmark, uma pessoa consulta o celular, em média, 221 vezes por dia. Nos consultórios, o uso exagerado já é uma realidade detectável, por uma infinidade de motivos. “Algumas vezes a pessoa já tem uma tendência a comportamentos compulsivos. Em outras situações, o aparelho é buscado para distração contra lidar com situações da vida cotidiana, das mais simples às mais complexas, e pode se tornar um vício”, exemplifica a psicóloga Mariana Monici, da rede do plano de saúde premium. 

Conferir as notificações repetidas vezes, voltar ao post toda hora para ver se surgiu um novo like, tudo isso pode ser explicado pela própria dinâmica dos apps e, principalmente, das redes sociais, que elevaram o patamar de dependência. Boa parte deles foi desenvolvida com técnicas similares às dos cassinos, que estimulam circuitos cerebrais. É o que os especialistas chamam de loop de dopamina, um ciclo vicioso de liberação do neurotransmissor associado ao prazer, a cada interação digital. Como nos outros vícios, a privação da substância faz o corpo voltar à fonte, com sede por mais.

Esse mecanismo tem relação com algo que a ciência costuma chamar de sistema de recompensa. É a mesma dinâmica que rege nossa compulsão por doces, sexo ou drogas, por exemplo. No caso das redes sociais, o estímulo vem na forma de validação social. É aquele like que imediatamente inunda o sujeito de uma sensação de bem-estar. O cérebro lembra desse caminho de impulsos elétricos que gerou tanto prazer e sabe onde buscar.

“A dopamina está relacionada a vários tipos de dependência, mas a maioria dos usuários de smartphone não chega a ficar viciado”, tranquiliza a neurologista Rosa Hasan, também da rede Amil One. A ansiedade é o reflexo mais comum do comportamento dos “heavy users”. Mas não o único. “Na minha prática clínica, também percebo sintomas que se aproximam dos depressivos: problemas de autoestima, desânimo, frustração, pouca vontade de se relacionar pessoalmente, autocrítica exagerada”, descreve Mariana.

O comportamento de voltar ao posts toda hora para ver se surgiu um novo like pode evoluir para uma dependência Foto: Getty Images
O comportamento de voltar ao posts toda hora para ver se surgiu um novo like pode evoluir para uma dependência Foto: Getty Images

Para Rosa, as consequências mais comuns são os distúrbios de sono. Isso porque as telas dos telefones emitem luz do espectro azul, que imita a luminosidade do início do dia. Ao usar o celular antes de dormir, o cérebro pensa que está longe da hora de descansar. “Esse hábito desregula a emissão da melatonina, que é o hormônio que induz o sono”, explica. Menos horas dormidas aumentam a chance de uma série de problemas, como depressão, ganho de peso, hipertensão e diabetes.

Quem desconfia de excesso deve ficar de olho em como a vida digital tem influído em outros aspectos cotidianos, como o desempenho no trabalho, o humor, a vida social (fora dos aplicativos), o sono e a rotina de exercícios. Se o caso for de compulsão, um detox gradual dos gadgets pode ajudar. “É possível limitar o uso em determinadas situações e desinstalar aplicativos, ainda que temporariamente. Assim, aos poucos, a pessoa vai diminuir a importância que dá ao aparelho”, ensina a psicóloga.

Fonte: Extra.Globo

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