Mulheres e cerveja combinam? Confira histórias de quem aprecia e produz a bebida, no DF

Flávia Cassis em evento de cervejas — Foto: Arquivo pessoal

Na semana do Dia Internacional da Mulher, o G1 mostra que o mercado considerado masculino começa a mudar.

Um mercado que cresce e agrada todos os paladares: fabricação artesanal de cervejas já caiu no gosto dos brasileiros — Foto: Centro Europeu
Um mercado que cresce e agrada todos os paladares: fabricação artesanal de cervejas já caiu no gosto dos brasileiros — Foto: Centro Europeu

Você vai conhecer histórias de mulheres que atuam em um mercado considerado masculino. Aos poucos, elas começam a quebrar o preconceito de que cerveja é bebida de homem.

Confira as outras reportagens da série:

As ‘cervejeiras’

Suzana Bernardes, influenciadora de cervejas — Foto: Arquivo pessoal
Suzana Bernardes, influenciadora de cervejas — Foto: Arquivo pessoal

Além de consumidoras, o DF tem produtoras e até influenciadoras digitais que divulgam a bebida que está entre as mais populares do país. Suzana Bernardes é uma delas e garante que “a paixão” já dura uma década.

“Não existe cerveja de homem ou mulher, existe cerveja.”

Suzana é responsável pelo perfil Cervejeira Nerd nas redes sociais e tem cerca de 43 mil seguidores. Por meio da internet, ela compartilha o gosto pela bebida e dá dicas de locais, tipos de cerveja e eventos voltados para o mundo cervejeiro.

Para ela, inspirar outras mulheres e ver que existem outras mulheres nesse meio – e que entendem do assunto – é a motivação para insistir no trabalho. Mas Suzana explica que, assim como tem comentários bons, também existem aqueles que incomodam.

“Tem aquelas pessoas que, por você ser mulher, não botam fé que você entende do assunto.”

Donas da própria cerveja

“A mulherada tá invadindo esse mundo e os homens terão que se acostumar”. A afirmação é de uma dona de cervejaria.

Flávia Cassis é responsável pela cervejaria cigana Djou. O termo “cigana” é usado para definir as cervejarias que não possuem fábrica própria e alugam uma outra para fazer a bebida.

Flávia Cassis em evento de cervejas — Foto: Arquivo pessoal
Flávia Cassis em evento de cervejas — Foto: Arquivo pessoal

“A entrada da mulher nesse meio não tem sido fácil e é muito questionada”, apontam as empresárias do ramo. Hosana Coelho, dona da cervejaria Bracitorium, diz que apesar do empreendimento dela ter dois anos, ainda “procuram pelo homem à frente do negócio”.

“Vejo o mundo ainda muito machista e com dificuldades de aceitar a entrada de mulheres. Somos tidas como sexo frágil em um mundo dos fortões.”

 Barril de cerveja em imagem de divulgação — Foto: Thinkstock
Barril de cerveja em imagem de divulgação — Foto: Thinkstock

O que as empreendedoras têm é comum, é o gosto pela cerveja e a vontade de quebrar preconceitos. “Esse é também um meio para as mulheres”, diz Hosana, que deixa um conselho para aquelas que desejam entrar neste mundo.

“Não se permita ser podada pelo peso do barril de chope. Você vai conseguir engatá-lo na chopeira, porque mais do que músculo, para isto, você precisa de cérebro.”

Entre um copo e outro, uma boa história

Helen Rodrigues era a única mulher na empresa quando começou a trabalhar no bar Godofredo. “Foi bem difícil. Eu me senti deslocada naquele meio onde predominavam os homens”, conta.

Além de servir as bebidas, Helen diz que também precisa lidar com os desafios diários dos clientes. “Esses dias eu atendi um cliente que ficou me fazendo um monte de perguntas. Quando chegou uma hora em que eu não sabia responder ele me soltou um ‘Deve ser difícil conversar com alguém que entende mais que você né?’” lembra a jovem.

Hosana Coelho em festival cervejeiro — Foto: Arquivo pessoal
Hosana Coelho em festival cervejeiro — Foto: Arquivo pessoal

O choque não é somente ser atendido por uma mulher em uma mesa de bar. É também nas mesas de negócios, revela Hosana Coelho.

“Quando você participa de uma reunião de planejamento de eventos das cervejarias e você é a única, ou uma das poucas mulheres na mesa”, diz ela. Mas também afirma que descobriu muitas mulheres fortes que também trabalham e apreciam o mundo das cervejas artesanais.

Hosana acredita que a mulher pode ser o que ela quiser, e que o “mundo cervejeiro tem espaço tanto para os homens, quanto para mulheres”. A dica da empreendedora é lutar sempre e “brindar juntas”.

“Temos que trabalhar um pouco mais que os homens pra mostrar que estamos na jogada . Mas, em breve, teremos o nosso reconhecimento.”

Para elas, o amor pela cerveja não fica só no paladar e nos negócios. A mulherada criou até associações para apoiarem umas as outras, revela Suzana Bernardes.

“É preciso ter mais sororidade. Não só com um grupo específico, mas com todas.”

Fonte: Nicole Angel, sob a supervisão de Maria Helena Martinho

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