Mandetta: ‘Vamos ficar e enfrentar nosso pior inimigo, o coronavírus’. Ministro alfinetou o Presidente Bolsonaro

Ministro voltou a defender o isolamento social, reafirmou que “médico não abandona paciente” e disse que número de casos está “dentro do esperado”

“O momento é de cautela", afirmou Mandetta

“O momento é de cautela”, afirmou Mandetta

Anderson Riedel/PR

Em meio a rumores de demissão, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta segunda-feira (6) que permanece na pasta para enfrentar o coronavírus, que ele classificou como “o pior inimigo”.

“Médico não abandona paciente. Eu não vou abandonar”, reafirmou ele ao mencionar o compromisso na luta contra o vírus.

“A movimentação social é tudo o que esse vírus, que é o nosso inimigo, quer”, destacou Mandetta ao defender mais uma vez a manutenção do isolamento social.

“O momento é de cautela, proteção e distanciamento social. Isso que vocês estão passando não é quarentena nem lockdown. Quarentena e lockdown são muito piores do que isso”, observou o ministro.

Ao comentar sobre as 553 mortes e os 12.056 casos confirmados de coronavírus no Brasil até o momento, Mandetta afirmou que os números estão “dentro do que se imaginou”.

Mandetta também contou ter encarado um dia “emocionalmente muito duro” diante dos rumores de demissão e revelou que, ao voltar da reunião ministerial que teve com o presidente Bolsonaro, encontrou “gente limpando gaveta e pegando as coisas” ao imaginar que ele seria exonerado. “Hoje foi um dia que rendeu muito pouco aqui no ministério. Ficou todo mundo com a cabeça avoada”, relatou.

O ministro ainda agradeceu o apoio da equipe ministerial e se classificou como um “porta-voz” do grupo de trabalho. “O trabalho que fazemos é técnico. A única coisa que eu faço é ser porta-voz do trabalho de vocês. Algumas vezes dou pequenos palpites”, afirmou.

Mandetta também aproveitou o pronunciamento para rebater as críticas que têm recebido pela posição de distanciamento social alinhada com a OMS (Organização Mundial da Saúde).

“Não temos a menor pretensão de sermos os donos da verdade. […] Temos muita dificuldade quando em determinada situação as críticas não vêm no sentido de construir, mas para trazer dificuldade no ambiente de trabalho”, lamentou o ministro.

Fonte: R7

No G1:

O ministro chegou a afirmar que ele e auxiliares já estavam “limpando as gavetas”.

“Tinha gente aqui dentro limpando gaveta, pegando as coisas. Minhas gavetas, vocês ajudaram a fazer a limpeza das minhas gavetas. Nós vamos continuar porque, continuando, a gente vai enfrentar o nosso inimigo. O nosso inimigo tem nome e sobrenome: é o covid-19”, afirmou. E voltou a repetir: “Médico não abandona paciente. Eu não vou abandonar”, declarou o ministro.

Na entrevista coletiva, Mandetta também afirmou que não tem receio de crítica, mas que as críticas devem ser “construtivas”, sem tentativa de criar “dificuldade no ambiente de tabalho”.

“Trabalhamos o tempo todo com transparência nos números, nas discussões e nas tomadas de decisão. Não temos receio de crítica. A crítica construtiva enobrece e nos faz rever e dar um passo à frente. Gostamos da crítica construtiva. O que temos diferente é quando, em determinadas situações ou determinadas impressões, as críticas não vêm no sentido de construir, mas para trazer dificuldade no ambiente de trabalho”, afirmou.

‘Paz’ e imprensa

Mandetta também disse esperar ter “paz” para continuar à frente do ministério. “Infelizmente, começamos com mais um solavanco a semana de trabalho. Esperamos que a gente possa ter paz para poder conduzir”, declarou.

Sem citar casos específicos, Mandetta disse ainda que a orientação no Ministério da Saúde é ter “foco”, independentemente de “barulhos” que surjam no momento.

“Esses barulhos que vêm ao lado: ‘Fulano falou isso, Beltrano falou aquilo’. Esquece isso. Isso está do lado. Apesar dos pesares, foco aqui. Foi o que disse para eles”, afirmou.

Da redação/SOSBRASILIA:

O Ministro Mandetta não perdeu a oportunidade para alfinetar o Presidente Bolsonaro durante coletiva transmitida pela rede CNN. Bem no estilo jocoso fez questão de frisar: “se eu sair, todos sairão”. Continuou: vamos ficar aqui e combater o nosso pior inimigo, o Coronavírus. Mas é preciso melhorar nosso ambiente de trabalho, ter tranquilidade para trabalhar e algumas críticas vem só para atrapalhar, finalizou. Esse foi um dos vários recados que Mandetta deu ao presidente Bolsonaro.

Ele esqueceu a hierarquia. A “caneta” é do presidente, não dele.

Melhor aguardar os próximos capítulos.

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