Após morte de motorista de aplicativo no DF, trabalhadores protestam por mais segurança

Geraldo Íris Gontijo Damasceno, de 51 anos, foi encontrado baleado no porta-malas do próprio carro, na terça-feira (12). Outro homem ferido que estava dentro do veículo foi internado em estado grave

Motoristas de aplicativo de diversas regiões do Distrito Federal realizaram uma carreata na tarde desta quarta-feira (13) reivindicando mais segurança no trabalho. O ato é em memória a Geraldo Íris Gontijo Damasceno, de 51 anos, que desapareceu durante o horário de serviço e morreu após ser encontrado baleado no porta-malas do próprio carro, na manhã de terça-feira (12).

A concentração começou por volta das 14h, com saída do Estádio Bezerrão, no Gama, região onde a vítima morava. O grupo se deslocou até o condomínio Porto Rico, em Santa Maria, para onde Geraldo foi na última corrida de que se tem registro.

O presidente do Sindicato dos Motoristas por Aplicativo no DF (Sindmaap), Marcelo Chaves, cobra a implementação de medidas como”botão do pânico”,para que os condutores possam acionar a polícia em situações de perigo. “Precisamos do apoio do poder público”, afirma.

Um dos líderes do movimento de motoristas por aplicativo no DF, Manoel Scooby, destaca as medidas podem melhorar a rotina do trabalho. “O que nós pedimos é o que seja feito para os passageiros aquilo é feito com a gente, foto no perfil e uma central de monitoramento”, afirma.

Em nota, a empresa 99, para a qual Geraldo prestava serviços, lamentou o caso e afirmou que há disponíveis “ferramentas como câmeras de segurança, gravação de áudio, monitoramento da corrida via GPS, compartilhamento de rotas com parentes e amigos e um botão para ligar direto para a polícia” (veja nota na íntegra ao final da reportagem).

Crime

O corpo de Geraldo foi velado no cemitério do Gama, nesta quarta-feira. As polícias civis do Distrito Federal e de Goiás tentam decifrar a morte do motorista.

Motorista de aplicativo Geraldo Íris Gontijo Damasceno morreu após ser baleado — Foto: Arquivo pessoal
Motorista de aplicativo Geraldo Íris Gontijo Damasceno morreu após ser baleado — Foto: Arquivo pessoal

Ele foi encontrado com marcas de tiros dentro de um porta-malas, no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Inicialmente, o veículo estava estacionado em Vaparaíso, no Entorno do DF. Três testemunhas viram, dentro do carro, um outro homem, de 31 anos, baleado.

Então, o trio buscou socorro no HRSM. Quando chegaram na unidade, eles não sabiam que Geraldo estava no porta-malas e, só no hospital, encontraram a vítima. O motorista estava inconsciente e, segundo a Polícia Civil, morreu logo após ser retirado do veículo.

O outro homem que estava baleado no carro – supostamente o passageiro que pediu a corrida – está internado em estado gravíssimo no Hospital de Base. De acordo com a Polícia Civil, há duas linhas de investigação: latrocínio (roubo seguido de morte) e homicídio, sendo o alvo o passageiro.

Os investigadores dizem que as apurações iniciais indicam que as testemunhas responsáveis pelo socorro das vítimas não têm relação com o crime.

Sustento da família

Geraldo deixa quatro filhos, sendo dois menores, de 12 e 2 anos. Em entrevista à TV Globo, o genro do motorista, que preferiu manter a identidade sob sigilo, contou que o motorista era o principal responsável pelo sustento da família.

“Vamos lutar para ele não virar estatística, para não acontecer com outros pais de família. Hoje aconteceu com ele, amanhã pode ser com qualquer um. E aí? Vai ficar desse jeito?”, questionou.

O familiar contou que Geraldo costumava trabalhar à noite, mas sentia medo. De acordo com ele, o motorista recebeu um chamado para uma corrida em Santa Maria, na madrugada. O genro afirmou que o motorista parou de responder as mensagens por volta de 1h30 e, pela manhã, a família começou a procurar informações.

O que diz a 99?

“A 99 lamenta profundamente a morte de Geraldo Iris Gontijo e apura se o crime ocorreu durante corrida pelo aplicativo. Nos solidarizamos com a dor dos familiares e estamos buscando contato com eles para oferecer o suporte necessário. A plataforma se coloca à disposição da polícia para compartilhar informações que possam ajudar a esclarecer os fatos e a punir os responsáveis.

A segurança é uma prioridade para a 99. Por isso, o aplicativo investe continuamente em segurança antes, durante e depois das corridas. Como formas de prevenção antes das chamadas, a companhia mostra aos motoristas informações sobre o destino final, a nota do passageiro e se ele é frequente — além de exigir que todos os passageiros incluam CPF ou cartão de crédito.

Durante o trajeto, ferramentas como câmeras de segurança, gravação de áudio, monitoramento da corrida via GPS, compartilhamento de rotas com parentes e amigos e um botão para ligar direto para a polícia estão disponíveis. Depois das viagens, uma central telefônica 24h para emergências oferece apoio imediato em caso de necessidade.”

Fonte: G1/DF

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