Mandado de prisão contra gestor foi expedido em 25 de agosto; Ministério Público aponta que ele é ‘procurado’. G1 não obteve resposta da defesa de Struck.
O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) informou, nesta quarta-feira (16), que o ex-subsecretário de Administração Geral da Secretaria de Saúde do DF, Iohan Andrade Struck, está na lista de foragidos. Há 23 dias, o MP procura Iohan, que tem um mandado de prisão contra ele desde o dia 25 de agosto, quando foi deflagrada operação Falso Negativo, que apura fraudes na compra de testes para Covid-19 (entenda abaixo).
Questionado pelo G1, o Ministério Público afirmou que Iohan Andrade Struck é “considerado foragido, está sendo procurado e seu nome está nos cadastros usuais”. O órgão informou ainda que “está adotando as medidas necessárias para que o ex-subsecretário seja preso ou punido”.
A reportagem entrou em contato com o advogado de Iohan, mas até a publicação desta reportagem, a defesa não havia se manifestado.
Seis ex-gestores da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, incluindo o titular da pasta, Francisco Araújo, foram exonerados nesta semana pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). Eles estão presos, preventivamente, no Complexo Penitenciário da Papuda.
Quando houve a operação Falso Negativo, Iohan Struck não foi encontrado. À época, a defesa dele alegou que o subsecretário estava em isolamento, com suspeita de Covid-19.
No entanto, uma semana depois, no dia 2 de setembro, o resultado dos exames de Struck deram negativo para a doença e ele não se entregou à Justiça. Ainda em agosto, os advogados alegaram que o investigado estava doente e que tinha recomendações médicas para continuar em isolamento até a “completa recuperação”.
Operação Falso negativo
A operação Falso Negativo investiga supostas irregularidades em dois contratos para a compra de testes para detecção da Covid-19. A Justiça expediu mandados de prisão contra sete integrantes da cúpula da Secretaria de Saúde, apontados como responsáveis pela fraude. São eles:
- Francisco Araújo: então secretário de Saúde do DF; permanece preso
- Ricardo Tavares Mendes: ex-secretário adjunto de Assistência à Saúde do DF; permanece preso
- Eduardo Hage Carmo: então subsecretário de Vigilância à Saúde do DF; solto por decisão do STJ
- Eduardo Seara Machado Pojo do Rego: então secretário adjunto de Gestão em Saúde do DF; permanece preso
- Iohan Andrade Struck: então subsecretário de Administração Geral da SES-DF; considerado foragido pelo MP
- Jorge Antônio Chamon Júnior: então diretor do Laboratório Central do DF; permanece preso
- Ramon Santana Lopes Azevedo: então assessor especial da Secretaria de Saúde do DF; permanece preso
Segundo o MP, o grupo é suspeito de integrar uma organização criminosa que direcionou e superfaturou a compra de testes. Os investigadores afirmam que, nos dois contratos analisados, foi identificado superfaturamento. Ao todo, o prejuízo estimado é de R$ 18 milhões.
Os crimes apontados na denúncia do MP são os seguintes:
- Fraude à licitação
- Lavagem de dinheiro
- Organização criminosa
- Corrupção ativa e passiva
Segundo o Ministério Público, “o caso ainda pode ser caracterizado como cartel”. Os gestores negam irregularidades nos processos de compra.
Gestores da Saúde tentaram combinar defesa
O Ministério Público do Distrito Federal também analisa diálogos entre investigados na Operação Falso Negativo. Segundo os promotores, ficou constatado nas gravações interceptadas que os investigados tentaram combinar a versão de defesa.
Em uma das conversas, Iohan Struck falou sobre possíveis consequências da primeira fase da operação, na qual foi um dos alvos. Ele falava com o então secretário adjunto de Gestão em Saúde, Eduardo Pojo, que demonstrou preocupação (ouça áudio acima)
Em uma mensagem, Iohan disse que estava “preocupado” com a possibilidade das investigações atingirem sua esposa, Larissa Ferraz Struck. Ele conversou sobre o tema com Eduardo Pojo, duas semanas após as primeiras buscas e apreensões.
À época, Larissa atuava na chefia do Núcleo de Compras do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF). Ela estava à frente da aquisição de testes para coronavírus para as unidades administradas pela organização: Hospital de Base, Hospital Regional de Santa Maria e Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s).
Em outro trecho, Iohan comentou que seu receio começou após o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, responsável pelas investigações, ter acesso aos materiais das buscas na operação.
Fonte: Afonso Ferreira, G1 DF