Militar da Aeronáutica acusado de matar esposa e ex-vizinho gay vai a júri popular no DF

Militar da reserva da Aeronáutica, Juenil Bonfim de Queiroz, de 56 anos, foi preso em flagrante após matar mulher e ex-morador de prédio onde mora — Foto: Arquivo pessoal

Justiça entendeu que existem indícios suficientes para Juenil Bonfim de Queiroz ser julgado por homicídio e feminicídio, por motivo torpe e uso de recurso que dificultou defesa das vítimas. Crime foi em junho de 2019.


O militar da Aeronáutica Juenil Bonfim de Queiroz, acusado de matar a esposa, Francisca Naíde de Oliveira Queiroz e o ex-vizinho, por ciúmes, vai ser submetido a um júri popular. A Justiça do Distrito Federal entendeu que existem indícios suficientes para que o sargento reformado seja julgado pelos crimes de homicídio qualificado e feminicídio, por motivo torpe e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas.

A sentença de pronúncia foi publicada na última segunda-feira (29), pelo juiz Frederico Ernesto Cardoso Maciel. Na decisão, o magistrado determinou que o acusado permaneça preso porque “não há fatos novos que autorizem a revogação da prisão preventiva do acusado”. Ainda não há data para o julgamento.

O crime ocorreu em 12 de junho de 2019, Dia dos Namorados. Francisca Naíde e Juenil Bonfim estavam chegando ao prédio onde moravam e encontraram Francisco de Assis Pereira da Silva, o ex-vizinho de quem o militar tinha ciúmes. Francisco estava com o companheiro, Marcelo Brito.

De acordo com a Polícia Civil, os dois tinham ido visitar amigas que ainda moravam no prédio onde eles haviam residido por dois anos. O sargento da reserva da Aeronáutica chamou Francisco para conversar no apartamento onde vivia com a esposa.

Crime filmado

Juenil Bonfim disse que "matar ou morrer, tanto faz.
Juenil Bonfim disse que “matar ou morrer, tanto faz.

No apartamento, teve início a discussão que acabou com a morte de Francisco e de Francisca. Marcelo, o companheiro de Francisco, gravou o momento do crime (veja trecho acima)

Nas imagens, o militar dizia que sabia que a esposa e Francisco tinham um caso e que “queria esclarecer a traição.” Em um determinado momento, o militar falou “matar ou morrer, tanto faz.”

A voz de Marcelo, pedindo calma, é ouvida durante todo o tempo da discussão. Queiroz falava que tinha imagens dos encontros entre a esposa e o ex-vizinho (veja trecho abaixo; IMAGENS FORTES).

“Seu Queiroz, ele não fez isso. Eu ponho minha mão no fogo”, dizia Marcelo.

Francisco de Assis pede ao companheiro que avise aos pais dele de "qualquer coisa".
Francisco de Assis pede ao companheiro que avise aos pais dele de “qualquer coisa”.

O militar continuava afirmando que a esposa e o ex-vizinho tiveram um caso e que não iria perdoar. Francisca tentou pegar o celular para também gravar, mas Queiroz ameaçou a esposa.

“Se você pegar esse telefone, você morre agora.”

No vídeo, é possível ouvir Francisco chorando ao fundo. O militar perguntou se ele iria assumir o suposto relacionamento, no entanto a vítima afirmava que não havia feito nada.

Tiros à queima roupa

Durante a discussão, Juenil Queiroz pegou uma arma e começou a carregá-la. O barulho das balas ficou registrado na gravação (veja trecho abaixo; IMAGENS FORTES).

Militar pega arma e começa a carregá-la. Barulho de tiros é ouvido na gravação

Militar pega arma e começa a carregá-la. Barulho de tiros é ouvido na gravação

O militar perguntou, mais uma vez, se Francisco iria assumir o caso com a esposa dele. Francisco pediu ao companheiro, Marcelo, que avisasse aos pais dele de “qualquer coisa”.

Marcelo repetiu que não houve traição. O sargento reformador pediu para o companheiro de Francisco sentar e disse: “A gente vai resolver assim”, e dois tiros foram dados.

No vídeo, foi possível perceber que a arma do militar da Aeronáutica falhou. Depois, houve um terceiro disparo e um grito de Francisca.

Ouve-se ainda um quarto tiro. No áudio aparece uma pergunta de Queiroz, querendo saber se a esposa morreu – e um quinto disparo. Por fim, o militar falou: “é assim que a gente resolve”.

Queiroz disse para Marcelo que ele poderia chamar a polícia. O companheiro de Francisco, muito nervoso, falou que procurava pelas chaves do carro. Alguém põe a mão sobre o celular que, em seguida, é desligado.

Fonte: Afonso Ferreira, G1 DF

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