Que loucura! Rapaz que tirou larvas da cabeça fala em dor ‘insuportável’: ‘Queria morrer’

Vídeo mostra algumas das larvas retiradas da cabeça do pedreiro. Ele passa por tratamento em São Paulo e ferimento já está em fase de cicatrização.

Por Isabella Lima, G1 Santos

“Minha cabeça parecia uma colmeia de abelha por causa dos muitos buracos. Sentia uma dor insuportável, dava vontade de gritar e correr de tão dolorido. A dor é pior do que se possa imaginar. Eu não aguentava mais.Teve dias que cheguei a querer morrer de tanto sofrimento”. Esse é o desabafo do pedreiro Evaldo Araújo Chaves, de 49 anos, que teve mais de 100 larvas retiradas da cabeça em Praia Grande, no litoral de São Paulo.

Evaldo relatou em entrevista ao G1,neste domingo (2), que desconhece o ferimento que possa ter permitido que a larva fosse depositada em sua cabeça. Conforme conta, antes de perceber a presença dos parasitas, ele já estava com fortes dores na cabeça há uma semana. Ele chegou a ir no médico, mas não recebeu o diagnóstico da ‘berne’, nome da larva.

Após a esposa e a irmã repararem os ferimentos em sua cabeça, ele retornou ao hospital para procurar por atendimento. Segundo relata, o processo de tirar as larvas, inicialmente, foi muito delicado. “Teve um dos dias no hospital de Praia Grandes que me machucaram bastante. Eles queriam tirar as larvas espremendo minha cabeça, doeu muito”, acrescenta.

Pedreiro identificou larvas comendo a cabeça dele em Praia Grande, SP — Foto: Arquivo pessoal

Pedreiro identificou larvas comendo a cabeça dele em Praia Grande, SP — Foto: Arquivo pessoal

O pedreiro descreve que o atendimento em Praia Grande foi precário. De acordo com ele, a primeira vez que foi ao Hospital Irmã Dulce aguardou atendimento das 15h até às 23h. “O médico fez pouco caso. Ele disse que não era caso de internação e nem cirúrgico. Eu estava com bastante dor. Esse horário todo fiquei lá sem nenhum atendimento”, diz.

Já no Pronto Socorro de Quietude, no domingo passado, ele afirma que foi feito apenas curativo. “Falaram que não tirariam aquele tipo de coisa porque não tinham suporte”, relata. Já na terça-feira a noite ele foi levado para procurar atendimento público em São Paulo, já que a família temia que algo pudesse acontecer.

“Chegando no posto de São Bento já deram outro atendimento.Tiraram toda a carne morta da cabeça, fizeram uma limpeza geral e assim já senti uma boa melhora. De quarta-feira para cá eles cuidaram muito bem. O ferimento já está fechando e eles tiraram tantos bichos que ontem só acharam um”, relata.

A cabeça do pedreiro continua enfaixada, para que não haja o risco de pousar mais nenhuma mosca e surgirem mais larvas. O primeiro processo em São Paulo foi com pinça, quando tinha muitas larvas eu não sentia dor. Agora no final, que tinha menos, doía mais. O médico me explicou que essas larvas se reproduzem muito rápido e por isso tiraram mais de 100 da minha cabeça”, conta.

“Sai muita secreção do ferimento. O médico falou que se caso aumentassem a quantidade de larvas e elas comessem mais a cabeça, poderia atingir o crânio e eu correria risco de morte. Graças a Deus, com todo o tratamento que estou recebendo, já me sinto bem, sem nenhuma dor”, finaliza.

Relembre o caso

O pedreiro de 49 anos teve larvas identificadas na cabeça e já estava com os parasitas desde a semana passada, relatando sentir fortes dores. Ele chegou a receber atendimento em hospitais públicos da cidade, mas afirmou que os ferimentos pioraram nos últimos dias. Agora, ele passa por tratamento em São Paulo.

A família percebeu que Evaldo estava com larvas na cabeça no fim da semana passada, quando ele deitou no colo da esposa e ela percebeu as larvas andando na cabeça dele. Inicialmente, ele passou por atendimento em São Paulo, cidade em que a irmã mora e que ele estava quando notou os parasitas.

Uma quantidade foi retirada manualmente, com pinça, e os médicos afirmaram que não havia mais larvas, porém, ao retornar ao hospital, ele foi informado que ainda haviam parasitas em sua cabeça.

O casal retornou para Praia Grande e Evaldo foi atendido no Hospital Irmã Dulce, onde, segundo Quesia, foi feito apenas um curativo. Em seguida, eles foram para a UPA de Santos, sendo retiradas 25 larvas de uma só vez da cabeça dele. A família acreditou que já haviam saído todos os parasitas, mas, quando Evaldo foi fazer o curativo já no domingo (26), no Pronto Socorro Quietude, os enfermeiros afirmaram que ainda haviam larvas em sua cabeça.

Atenção: a foto abaixo contém imagens fortes — Foto: Arte/G1

Família relata que foi preciso procurar tratamento em São Paulo, porque ferimento estava piorando em Praia Grande, SP — Foto: Arquivo pessoal

Família relata que foi preciso procurar tratamento em São Paulo, porque ferimento estava piorando em Praia Grande, SP — Foto: Arquivo pessoal

Foram retiradas algumas larvas e feitos exames, que constaram diversos buracos na cabeça do pedreiro, já que a larva se alimenta do tecido subcutâneo, muscular, segundo especialista. Ele retornou ao Hospital Irmã Dulce, mas Quesia conta que percebeu mais ferimentos na cabeça do marido e que ele ainda se queixava de muita dor. Com a piora, a família pediu ajuda nas redes sociais e acabou conseguindo uma vaga para tratamento em São Paulo.

Conforme explicou o neurocirurgião João Luis Cabral, a larva (chamada ‘berne’) não é comum na cidade, e sim em regiões de agropecuária, onde há mais bovinos e equinos. De acordo com ele, essa larva é transportada pela mosca, que ao pousar em cima de um animal infectado, carrega o parasita até a ferida aberta do ser humano e a transmite. Mais de 100 larvas foram retiradas da cabeça de Evaldo, segundo ele e a esposa relatam.

Atendimento

Em nota, a direção do Hospital Municipal Irmã Dulce esclareceu que o paciente deu entrada na unidade no dia 25 de janeiro, recebendo toda a assistência necessária ao caso. Após passar por avaliação com a equipe médica da unidade, constatou-se que não se tratava de um caso cirúrgico. Foram realizados procedimentos ambulatoriais pertinentes (como tratamento dos ferimentos e medicação), sendo adotada conduta terapêutica medicamentosa. O paciente também foi orientado a buscar a Unidade de Saúde da Família (Usafa) de referência para troca diária de curativos.

Já a Secretaria de Saúde informou que o paciente passou pelo Pronto-Socorro Quietude e recebeu atendimento adequado, foi liberado e orientado a dar continuidade ao tratamento através da Usafa. O paciente compareceu na Usafa Tupiry, onde foi feita a retirada de Miíase. Ele foi orientado a retornar na quarta-feira (29), porém não compareceu.

Nesse caso, a Secretaria afirmou que não é necessário a internação, pois há risco de contrair uma infecção, uma vez que a ferida não pode ser coberta e também não tem condições das larvas serem retiradas de uma só vez. Segundo a Saúde, o caso requer um tratamento, não podendo ser solucionado de uma só vez.

Ferimentos de pedreiro já estão cicatrizando após retirada de diversas larvas com tratamento em São Paulo — Foto: Arquivo pessoal

Ferimentos de pedreiro já estão cicatrizando após retirada de diversas larvas com tratamento em São Paulo — Foto: Arquivo pessoal

Fonte: G1

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