22ª Parada do Orgulho LGBTQI de Brasília faz homenagem a Stonewall e ‘beijaço’ no Beirute

Evento ocorre neste domingo a partir das 14h, em frente ao Congresso Nacional. Seis trios elétricos vão tocar pop, rock, música dos anos 1990 e 2000, além de ‘brasilidades’.

Por Luiza Garonce, G1 DF

22ª Parada do Orgulho LGBTQI de Brasília faz homenagem a Stonewall e 'beijaço' no Beirute

Mateus Vidigal/G1

Terceira mais antiga do Brasil, a Parada do Orgulho LGBTQI de Brasília chega à 22ª edição neste domingo (14) com homenagem aos 50 anos da revolta de Stonewall – um marco do movimento pelos direitos LGBQI no mundo – e aos 40 anos do “beijaço” no bar Beirute (saiba mais abaixo).

No ano passado, o evento reuniu cerca de 70 milpessoas na Esplanada dos Ministérios, segundo a organização. Desta vez, a expectativa é que, pelo menos, 100 mil pessoas acompanhem os seis trios que vão circular pelo centro da capital.

Em tempo de existência, o evento perde apenas para o que ocorre no Rio de Janeiro, desde 1995, e o da Avenida Paulista, em São Paulo, que está uma edição à frente de Brasília.

Parada LGBT de Brasília — Foto: José Cruz/Agência Brasil

Parada LGBT de Brasília — Foto: José Cruz/Agência Brasil

A concentração está marcada para as 14h em frente ao Congresso Nacional. De lá, o trio elétrico segue pela via N1, passando pelo Palácio do Buriti até a Torre de TV, onde faz a curva e volta para o local da concentração pela S1.

Os trios elétricos vão tocar pop, rock, música anos 1990 e 2000, house, funk e “brasilidades”. O destaque da vez é o Rebu, formado exclusivamente por artistas e produtoras culturais mulheres – lésbicas, bissexuais e transexuais.

Neste, quem assume as picapes são as DJs Rafa Ferrugem, Lá Bonita, Fonk, D-Day e Loly, além da convidada de São Paulo Priscila Moquedace.

A DJ Priscila Moquedace, de São Paulo — Foto: Lucas Santana/Divulgação

A DJ Priscila Moquedace, de São Paulo — Foto: Lucas Santana/Divulgação

A expectativa da organização é que o evento ocorra até as 21h. Ao contrário da edição passada, quando a Parada LGBTQI recebeu apoio financeiro via emenda parlamentar, desta vez o evento será feito com parcerias da iniciativa privada.

Stonewall e ‘beijaço’

Na edição passada, o tema da parada foi “#LGBTemPolíticaSim”, em alerta à necessidade de criação de políticas públicas voltadas para esta população. Agora é vez de prestar homenagens. Sob o tema “Stonewall 50. Beijo livre 40. Resistência e conquistas”, o evento relembra a revolta de Stonewall, nos Estados Unidos.

Na madrugada de 28 de junho de 1969, o bar Stonewall Inn, no bairro de Greenwich Village, em Nova York – um reduto da população e dos artistas marginalizados, majoritariamente LGBQI – foi vistoriado por policiais sob a alegação de venda ilegal de bebida alcoólica.

Na ocasião, funcionários foram presos e clientes, levados sob custódia. Naquela época, a homossexualidade ainda era considerada crime em Nova York e, também, em outros estados norte-americanos. Até 1962 a orientação sexual homoafetiva era crime em todo o país.

A ação policial no Stonewall Inn culminou em uma revolta, com agressões de ambas as partes, até que o bar foi incendiado.

Bandeira do orgulho LGBT é carregada pela Avenida Paulista, em São Paulo, durante a Parada Gay — Foto: Miguel Schincariol/AFP

Bandeira do orgulho LGBT é carregada pela Avenida Paulista, em São Paulo, durante a Parada Gay — Foto: Miguel Schincariol/AFP

A Parada LGBTQI também comemora os 40 anos do movimento “Beijo livre” no bar Beirute da 109 Sul. Em 1979, dois homens foram convidados a se retirar do bar depois de darem um beijo na boca em frente dos demais clientes.

No dia seguinte, cerca de dez casais homossexuais entraram no Beirute e, juntos, fizeram um “beijaço”. O movimento foi organizado pelo diretor e ator de teatro Alexandre Ribondi, que exercia a profissão de jornalista na época.

“Foi a primeira manifestação pública de luta pelos direitos das pessoas LGBT em Brasília. O começo de uma luta que travamos até hoje”, disse Ribondi ao G1.

Dono do Beirute, Francisco Marinho, posa ao lado de Alexandre Ribondi e Michel Platini após hasteamento de bandeira LGBTQI no bar — Foto: Arquivo pessoal

Dono do Beirute, Francisco Marinho, posa ao lado de Alexandre Ribondi e Michel Platini após hasteamento de bandeira LGBTQI no bar — Foto: Arquivo pessoal

“É importante que as novas gerações conheçam essa história, comemorem e honrem. Os mais jovens sabem da importância do evento para a qualidade de vida deles hoje, que ainda está longe de ser ideal, mas está muito melhor do que já foi.”

“Fiquei muito emocionado.”

Foi ele quem criou o Grupo Homossexual Beijo Livre – o primeiro movimento gay de Brasília. Nesta quinta-feira (11), ele esteve presente na cerimônia que fincou a bandeira LGBTQI no bar.

Acesso à saúde

Bandeira do orgulho LGBTQI — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Bandeira do orgulho LGBTQI — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Pela primeira vez na história da Parada LGBTQI de Brasília, serão colhidas informações e depoimentos sobre o atendimento desta população na rede pública de saúde. Servidores do GDF farão uma enquete sobre o acesso aos serviços e o que chama de “preconceito institucional”.

O objetivo é garantir futuras capacitações aos profissionais da saúde que estejam adequadas às necessidades e demandas de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, homens e mulheres trans, queer e intersex.

Campanha do Ministério da Saúde em Parada do Orgulho LGBT — Foto: Marina Ortiz/ G1

Campanha do Ministério da Saúde em Parada do Orgulho LGBT — Foto: Marina Ortiz/ G1

A pesquisa será feita entre 15h e 18h por uma equipe de cinco profissionais que vão circular pelo evento. Eles também vão distribuir preservativos, tirar dúvidas e passar orientações.

Fonte: G1

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