FOI O MAIOR BAFAFÁ

A chegada de João Ricardo Noronha da Silva ao Céu foi um evento muito parecido com a Irene do poeta Manoel Bandeira.

Ricardo, como era conhecido, se apresentou a São Pedro: – Licença, meu santo! E São Pedro, sorridente: – Entra, Ricardo! Você não precisa pedir licença.

O pioneiro, sentindo-se inseguro nas alturas, foi caminhando sobre as nuvens até encontrar com seus muitos amigos que reviviam acima dos temores, dos pecados, das vaidades e por tudo mais que todos passamos aqui na Terra. Os amigos festejaram a sua chegada, e logo surgiram músicas alegrando o ambiente. Ali não havia saudade, lembranças ou qualquer sentimento que não fosse de paz.

Ricardo era um ser humano especial. Apesar de sempre pedir licença para entrar em uma residência simples ou não, era recebido pelos moradores com os braços abertos e sorrisos amigáveis.

Nosso amigo, com a sua missão de colocar o dedo na ferida, comentando fatos que exigiam  respostas dos governantes, cobrava  as promessas de solução dos problemas dos moradores.

Foi com bom humor e seriedade que formou o seu batalhão de fãs e seguidores. Seus arquivos documentam a história de Brasília. Os programas de rádio, televisão e redes sociais orientavam os brasilienses, indicando os caminhos ou atalhos para chegar onde queriam.

Filho, pai e avô amoroso, dedicou-se à família e à sociedade com respeito e comedimento.

Na política, exerceu mandato parlamentar como deputado federal e sobressaiu em seu trabalho ao participar da CPI Avanço e impunidade do Narcotráfico. Na Comissão, Ricardo Noronha enfrentou com coragem os perigos de apontar os bandidos violentos que compunham e que, enfim, permanecem no tráfico de drogas, intimidando autoridades com ameaças de morte e sequestros.

Saiu-se ileso da missão e voltou às suas atividades de formador de opinião e de mídia. O câncer chegou sorrateiramente minando seu corpo, mas não o impedindo do trabalho intenso, presente em todas a cidades do Distrito Federal e entorno. Ao lado de Ritinha, sua esposa, lutaram bravamente contra a doença implacável.

Falar da vida de Ricardo Noronha é falar de Brasília e sua gente!

Brasília, 13 de setembro de 2020.

Por: Paulo Castelo Branco.

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