Governo resgata e quer implantar logo a AVENIDA DAS CIDADES (Ex-Interbairros e TransBrasília)

Secretaria de Projetos Especiais (Sepe) do Distrito Federal

Projeto final foi apresentado na Câmara Legislativa e vai impactar principalmente o Guará. Moradores do Park Sul protestam

Por Jornal do Guará

Idealizada no governo Cristovam Buarque como Interbairros, transformada em sonho de consumo do inacabado governo Arruda, promessa de campanha dos então candidatos a governador Agnelo Queiroz e Rodrigo Rollemberg (quando passou a ser chamada de TransBrasília), a via de ligação entre Samambaia e o Plano Piloto está sendo ressuscitada com o nome de Avenida das Cidades pelo governo Ibaneis, com a determinação de, finalmente, ser implantada. Considerada a maior obra viária da história do Distrito Federal depois da implantação de Brasília, a via é a aposta para ser o grande marco do novo governo, capaz inclusive de ajudar na sua reeleição. Por isso, a ordem é jogar todas as cartas no projeto, como está fazendo a Secretaria de Projetos Especiais, que cuida da busca de parcerias nas ocupações de áreas públicas, as chamadas PPPs.
Discutido e elaborado até então apenas dentro do governo, o projeto da Avenida das Cidades foi apresentado pela primeira vez aos moradores da área influenciada pelo seu trajeto, na Comissão Geral convocada pela Câmara Legislativa nesta quinta-feira, 5 de setembro, por iniciativa do deputado distrital e vice-presidente da Casa, Rodrigo Delmasso (Republicanos).
Cerca de 200 pessoas, principalmente moradores do Setor de Oficinas Sul e do Guará, acompanharam a exposição e o detalhamento do projeto e depois tiveram a oportunidade de emitir suas opiniões. Em contraponto ao otimismo do governo, a maior parte do público se posicionou contra a implantação da via como está prevista, por razões ambientais, como é o caso dos defensores do Parque do Guará, ou por afetar diretamente a comodidade dos moradores, como reclamaram as lideranças comunitárias do Park Sul, onde estão os condomínios Living, Prime, Mix e outros construídos no Setor de Múltiplas Atividades Sul (SMAS), onde estão o shopping CasaPark, Saga Veículos, Viplan e vários hotéis.
Essa resistência localizada, entretanto, não deve afetar a vontade do governo de implantar a Avenida das Cidades, por não envolver recursos públicos e pelo que a obra pode representar na mobilidade entre as cidades do chamado Eixo Sul, com prováveis reflexos eleitorais significativos nas próximas eleições.
Durante a exposição na Câmara Legislativa, o secretário de Projetos Especiais, Everardo Gueiros, explicou que o projeto já superou todos os entraves burocráticos, de regulamentação e que estão adiantadas as negociações com a concessionária Furnas, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e a Terracap para o enterramento da linha de alta tensão de todo o percurso de 26 quilômetros. Segundo ele, está pronta também a licença ambiental, concedida pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram).
De acordo com o assessor especial da Secretaria de Projetos Especiais, engenheiro Antonio Augusto Brasil Passos, o projeto da Avenida das Cidades vai promover “intervenções modernas” de mobilidade e ocupação urbana, semelhantes às implantadas em projetos parecidos em Nova Iorque e em Paris, com ciclovias, pistas de caminhada, calçadas e conexões com o metrô e acessos aos oito parques do trajeto.

Os benefícios

Pelos números apresentados na Câmara Legislativa, a Avenida das Cidades vai receber cerca de 700 mil árvores à sua volta, terá 35 viadutos e pontes, e previsão de gerar cerca de 80 mil empregos durante as obras e outros 20 mil empregos diretos após a conclusão nas diversas atividades empresariais que serão geradas ao longo do percurso, nos empreendimentos concedidos pela iniciativa privada, através dos concessionários responsáveis pela construção da via.
A Avenida das Cidades vai impactar principalmente Guará e Águas Claras, porque vai implicar no aterramento de todo a linha de alta tensão de Furnas e cessão dos terrenos entre Guará I e II para a iniciativa construir lojas e apartamentos, além de equipamentos públicos. O adensamento, entretanto, será compensado com a abertura de uma nova via para os dois lados – Taguatinga, Samambaia, Park Way e Águas Claras e Plano Piloto do outro lado.
De acordo com o secretário Everardo Gueiros, se o projeto não exigir novos ajustes, a licitação pode ser lançada até o final deste ano, depois que o governo concluiu mobilização pela privatização da Arena Plex (Estádio Mané Garrincha, ginásios Cláudio Coutinho e Nilson Nelson). “O objetivo é unir os dois lados das cidades do Eixo Sul, segregadas pelas linhas de alta tensão e do metrô, que se deparam diariamente com uma espécie de “muro invisível” quando precisam se locomover”, explicou Gueiros.

Por onde vai passar

A avenida intervém em Águas Claras, Guará, Park Way, Plano Piloto, Samambaia e Taguatinga. Entre esses empreendimentos está a criação do Centro Metropolitano do Guará, um conjunto de edifícios comerciais e residenciais entre Guará I e II, e outro entre Águas Claras e Arniqueiras, onde existem hoje as torres de alta tensão de Furnas.
A Avenida das Cidades vai ligar o Setor Policial Sul, no Plano Piloto, a Samambaia, num percurso de 26 quilômetros. O objetivo é promover desenvolvimento econômico de todas as regiões incluídas no trajeto e melhorar a mobilidade na região conhecida como Eixo Sul. No primeiro edital de chamamento das empresas interessadas na parceria, lançado em 2017, o governo definiu como contrapartida a criação lotes com diversidade de atividades ao longo da via, como shoppings e setores habitacionais; ampliação da densidade demográfica, especialmente perto da infraestrutura de transporte de massa; melhoria da relação custo-benefício dos investimentos públicos e privados em infraestrutura urbana; adequação dos espaços para pedestres e ciclistas; criação de faixas verdes; e integração do metrô com outras formas de transporte.
De acordo com o projeto, cinco setores habitacionais ocuparão as margens da via: dois no Guará e três em Águas Claras. A via ligará Samambaia, na altura da estação do metrô, até o Setor Policial Sul, na altura do cemitério Campo da Esperança. Com três faixas em cada sentido, a via comportará cerca de 60 mil carros de uma só vez e ajudará a desafogar o trânsito das outras duas pistas paralelas.

Fonte: Jornal do Guará

COMPARTILHE AGORA:

Leia também