Hospital da Criança cria Centro de Transplante de Medula Óssea no DF

Medida beneficia pacientes que precisavam ir para outros estados. Nos últimos 3 anos, 96 crianças precisaram ser transferidas.

Por Larissa Passos*

Hospital da Criança em Brasília. — Foto: Matheus Oliveira/Agência Saúde

Hospital da Criança em Brasília. — Foto: Matheus Oliveira/Agência Saúde

Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) terá um centro pediátrico para transplante de medula óssea. Será o primeiro do Distrito Federal.

A medida foi publicada no Diário Oficial do DF desta sexta-feira (2) e autoriza a retirada da medula e o transplante. “Nos últimos três anos, o hospital precisou transferir 96 pacientes para realizar o procedimento em outras regiões do país”, aponta a diretora técnica do HCB, Isis Magalhães.

“A demanda existe. As crianças tiveram que sair de Brasília.”

Edilma Santana Santos e a filha Aline no Hospital da Criança, DF. — Foto: Arquivo Pessoal/Edilma Santana

Edilma Santana Santos e a filha Aline no Hospital da Criança, DF. — Foto: Arquivo Pessoal/Edilma Santana

Segundo a médica responsável pelo serviço de transplantes do Hospital da Criança, Simone Magalhães, até agora os pacientes pediátricos tinham que ser encaminhadas para São Paulo ou Curitiba.

“As crianças não vão precisar sair de casa para fazer o transplante. Não precisa mais correr o risco de pegar uma infecção”.

A história de Aline

A dona de casa Edilma Santana Santos, de 42 anos, descobriu em fevereiro passado que a filha, Aline, de 9 anos estava com neuroblastoma (tumor localizado no pescoço e na medula). No início do tratamento, os médicos informaram que a menina teria que realizar o transplante fora da capital.

“Não é legal ficar 3 meses para fazer um tratamento em uma cidade que a gente não conhece e longe dos familiares.”

Nessa sexta, Edilma recebeu uma ligação do Hospital da Criança avisando que Aline poderá ser atendida em Brasília. “Eu e a Aline vibramos. Ela ficou muito feliz dizendo que não precisaria mais viajar”, comemorou a mãe.

Segundo a diretora da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO), Adriana Seber, a portaria irá beneficiar diretamente os pacientes pediátricos, que passam a contar com um centro de excelência que passará a ser referência no DF e Entorno.

“Estar perto de seus familiares, suas casas, contribui com o tratamento. Impacta positivamente no que cabe à manutenção da saúde emocional do paciente, um aspecto que deve ser levado em conta.”

Transplante autólogo

Doação de medula óssea pode salvar a vida do paciente — Foto: Reprodução/TV TEM

Doação de medula óssea pode salvar a vida do paciente — Foto: Reprodução/TV TEM

Simone Magalhães explica que, inicialmente, o hospital fará transplante do tipo autólogo – que usa células do próprio paciente –) por meio de coleta e infusão. “A intenção é que futuramente façamos todo tipo de procedimento, isso só é o início”, afirma.

De acordo com a médica, o número de transplantes de medula poderia aumentar se os hospitais tivessem mais leitos. “O HCB contará com 10 leitos, isso é uma vantagem. Muitas crianças passam por filas por causa da falta de leitos”, afirma.

A diretora técnica do HCB, Isis Magalhães, conta que o centro “vai ser um grande passo para área da saúde no Distrito Federal”. No entanto, ainda não há uma data prevista para iniciar o trabalho.

“Precisamos formar a equipe e treinar os profissionais.”

A publicação da medida no Diário Oficial desta sexta-feira aconteceu juntamente com o 23º Congresso da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea na capital. O evento reúne médicos, pesquisadores e profissionais da saúde do país e do exterior.

Até sábado (3), os especialistas vão debater procedimentos, tratamento, doadores, a importância de realizar doações e a presença de pacientes. O Hospital da Criança participa do evento.

Transplantes de medula no DF

Transplante em Brasília — Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

Transplante em Brasília — Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

A Diretora da Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal, Joseane Gomes Fernandes, explica que os transplantes de medula óssea por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) são realizadas pelo Instituto de Cardiologia do DF (ICDF), Hospital de Base e Hospital Universitário de Brasília (HUB).

Durante os meses de janeiro e fevereiro não foi realizado nenhum procedimento. “A equipe foi alterada. Em março eles voltaram a realizar novamente”, relata.

O DF realizou 41 transplantes no primeiro semestre de 2019. No ano passado foram 125 pessoas transplantadas, conta Joseane .

Na capital são realizados dois tipos de procedimento de transplante de medula óssea: autólogo (com células do próprio paciente) e alogênico (com células de outra pessoa). Doadores anônimos devem se inscrever no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Joseane Gomes Fernandes conta que algumas doenças só podem ser tratadas com transplante de doador com 100% de compatibilidade. Mas nem sempre o familiar tem essa compatibilidade. O Redome é fundamental para que medulas compatíveis possam ser buscadas.

“Pai e mãe, por exemplo, são haploidênticos geralmente. Isso quer dizer que só são 50% compatíveis.”

Segundo a diretora, na fila de espera do DF há 36 pacientes esperando por transplante.

Family Day

No sábado (3), o 23º Congresso da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea fará um encontro de médicos e pacientes, denominado de “Familiy Day”. Segundo os organizadores, é a oportunidades de esclarecer todas as dúvidas a respeito do assunto.

Para participar, basta se inscrever gratuitamente no site. A programação conta com especialistas da área da saúde e ainda a participação do primeiro paciente a ser transplantado no Brasil para doença Falciforme, Elvis Magalhães.

Serviço

23º Congresso da SBTMO 2019 – Family Day

  • Data: 03/08
  • Horário: 13h às 16h30
  • Local: Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada – SHTN, Trecho 01, Conj. 1B – Blocos C
  • De graça
  • Incrições no site

*Sob supervisão de Maria Helena Martinho

Fonte: G1/DF

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