POMAR SOLIDÁRIO

*Por Paulo Castelo Branco

No Pomar Comunitário, moradores do Park Way compartilham gratuitamente suas colheitas de hortigranjeiros (Blog Chico Santana).

A população do Distrito Federal é formada por pessoas oriundas de vários estados e países. A variedade de origens, sotaques e idiomas transformou Brasília em terra de criatividade.

Todos os dias surgem novidades nas questões sociais, projetos instalados sem qualquer colaboração governamental, e que se tornam em exemplos de solidariedade.

A ideia mais remota que me vem à memória foi a criação do “Açougue Cultural” originário da Casa de Carne Tbone Steak de propriedade de Luiz Amorim que, em 1994, instalou a “Biblioteca Popular” que chegou a 200 mil livros disponíveis em paradas de ônibus.

O “Açougue Cultural” ficou famoso e recebia cantores renomados. O público, em algumas apresentações, chegou a mais de 15 mil pessoas na comercial da 312 Norte.

Mais recentemente, a “Geladeira Solidária”, outro projeto social da cidade, levou aos menos favorecidos a possibilidade de retirar seu alimento nos dias de necessidade. A distribuição de sopa no inverno, a ação do Polícia Militar na coleta de cobertores para distribuição durante o inverno, e tantos outros programas solidários estão espalhados em todo o Distrito Federal.

Resultado de imagem para Pomar solidário

Tempos atrás, os restaurantes solidários, ao fim dos serviços, forneciam alimentos aos carentes. Com o passar dos anos, órgãos de fiscalização de saúde passaram a punir os que, ao invés de descartar no lixo os alimentos não consumidos, os entregavam aos moradores de rua. Com esta limitação, e os possíveis riscos de contaminação, os restos de alimentos, ainda que em perfeito estado de conservação, passaram a ser depositados em caçambas que são descartadas nos lixões. Lá, misturados com lixo, são resgatados pelos catadores. Triste fim!

Felizmente, novos caminhos são abertos. Na SMPW, quadra 14, sob a liderança de uma jovem moradora, Giovanna Mundstock, foi realizada uma pesquisa sobre desperdício de frutas na região. O resultado não foi surpreendente: 55% dos moradores relatam grande desperdício de frutas; 84% dos moradores relatam não conseguir consumir a produção de suas hortas e pomares, 85% dos moradores manifestaram interesse em doar para vizinhos, colaboradores ou instituições de caridade o excesso da produção.

A constatação da pesquisadora a levou a criar o Pomar Solidário em um ponto de ônibus na quadra 14, conjunto 5, em frente ao lote 2.  As pessoas são orientadas a deixar sua produção excedente sobre o banco do ponto, ali deixam caixas com frutas, verduras, hortaliças e, se tiverem interesse em algum produto, também podem levá-los.

A única recomendação é bem simples:  pegar somente o que for consumir. O que sobrar será encaminhado diariamente às instituições de caridade.  A expressão: “É dando que se recebe”, nos dias de hoje, pode estar desacreditada, porém, sua essência se fará perene naqueles que acreditam em dias melhores.

Brasília, 18 de junho de 2019.

*Paulo Castelo Branco é advogado, escritor e colunista do SOS BRASÍLIA

COMPARTILHE AGORA:

Leia também