Professora vítima de feminicídio no DF tinha medida protetiva contra ex-companheiro

Marley de Barcelos Dias, de 54 anos, fez duas denúncias contra Geovane Geraldo Mendes da Cunha, de 44 anos. Ele tirou a própria vida horas após crime

A professora de 54 anos, morta a tiros na madrugada desta terça-feira (12), em Sobradinho, já tinha denunciado o ex-companheiro na Lei Maria da Penha por duas vezes e estava sob medida protetiva, segundo a Polícia Civil. O ex-companheiro, Geovane Geraldo Mendes da Cunha, de 44 anos, é suspeito do feminicídio. Ele tirou a própria vida após cometer o crime.

Marley de Barcelos Dias era professora de educação básica vinculada à Secretaria de Educação do DF e estava aposentada desde 2017. Em junho do ano passado, segundo processo do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), ela conseguiu medida protetiva contra Geovane. Essa foi a segunda vez que Marley procurou as autoridades para denunciar o ex-companheiro.

Ainda de acordo com o processo, Marley e Geovane estavam juntos há cinco anos e não tinham filhos juntos. O documento mostra que, em 2014, ela registrou ocorrência na Polícia Civil contra o companheiro. À época, ele ameaçou e causou danos materiais à mulher. Na ocasião, a Justiça concedeu, pela primeira vez, medidas protetivas contra o investigado.

 Geovane Geraldo Mendes da Cunha, de 44 anos, tirou a própria vida após matar a ex-companheira, no DF — Foto: PCDF/Divulgação
Geovane Geraldo Mendes da Cunha, de 44 anos, tirou a própria vida após matar a ex-companheira, no DF — Foto: PCDF/Divulgação

Cerca de um ano após o deferimento da medida, o casal teria se reconciliado, e os dois passaram a morar juntos. Em 25 de maio do ano passado, no entanto, Marley pediu para que ele deixasse a residência e passou a ser “incomodada”.

Ao juiz, a mulher contou que o Geovane fazia uso constantes de bebidas alcoólicas e cocaína, e que já tinha passado períodos internados em clínicas de reabilitação. Na audiência, em junho do ano passado, Marley relatou que estava sendo “incomodada” há 15 dias pelo homem e que em uma das ligações foi xingada pelo ex-companheiro.

Polícia Civil investiga feminicídio em Sobradinho, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Polícia Civil investiga feminicídio em Sobradinho, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Além disso, ainda segundo o relato da vítima, o agressor a acusou de manter relacionamento com um homem casado há quatro anos, informação que Marley disse ser mentira. À época, ela contou ao juiz que estava com “muito medo” de Geovane e que ele era agressivo.

O magistrado considerou que a conduta do agressor é “preocupante e invoca por intervenção com vistas a preservar a segurança e integridade da vítima, diante das perturbações e agressões verbais, o que caracteriza violência psicológica e moral”. Por isso, concedeu à Marley a segunda medida protetiva contra Geovane.

De acordo com a decisão, Geovane foi intimado à cumprir as decisões judiciais de afastamento. Caso contrário, ele poderia ficar preso. Nesses casos, a pena varia de três meses a dois anos de prisão. Segundo a decisão, ele estava proibido de:

  • Se aproximar da vítima, com limite mínimo de 200 metros de distância;
  • Manter contato com Marley por meio telefônico, internet, SMS, WhastsApp, redes sociais e outros;
  • Frequentar o imóvel da mulher, localizado em Sobradinho.

Assassinato

Marley foi encontrada morta na madrugada desta terça. O crime ocorreu por volta das 3h desta terça-feira (12) e é investigado como feminicídio.

De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, vizinhos escutaram o barulho dos tiros durante a madrugada. Quando chegaram à casa da vítima, as testemunhas viram Geovane dela fugindo em um carro branco.

Segundo a Polícia Militar, a vítima foi atingida na região torácica. O caso é investigado pela 13ª Delegacia de Polícia, de Sobradinho.

Mulher de 57 anos foi morta a tiros pelo ex-companheiro em Sobradinho, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Mulher de 57 anos foi morta a tiros pelo ex-companheiro em Sobradinho, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Em seguida, os militares foram acionados. Ao chegaram no local, constataram o óbito. Após o crime, Geovane fugiu para São Gabriel (GO) e, com a própria arma, cometeu suicídio, segundo a Polícia Civil do DF. No momento, ele era perseguido por policiais da região.

Fonte: G1/DF | Repórter: Walder Galvão

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