Projeto é elaborado em parceria com Associação das Produtoras de Audiovisual do Centro-Oeste. ‘Será que as produções eram corretas?’, questiona presidente da CLDF sobre selecionados para Mostra Brasília.
Por Luiza Garonce, G1 DF
Modelo do troféu Câmara Legislativa — Foto: CLDF/Divulgação
Depois de retirar o apoio histórico ao Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) avalia a criação de uma nova mostra competitiva, descolada do evento (entenda abaixo).
A sugestão partiu da Associação das Produtoras Brasileiras de Audiovisual do Centro-Oeste, que vai elaborar o projeto em conjunto com o presidente da CLDF, Rafael Prudente (MDB).
“Ainda está muito embrionário, precisamos ver quanto vai custar, quantos filmes poderão participar e o que mais é possível fazer”, disse o deputado ao G1.
“Não tenho problema em rever as decisões da Câmara, mas precisamos saber em quê estamos investindo dinheiro público.”
Auditório da CLDF — Foto: Gabriel Luiz/G1
Ele também falou que pode “até aumentar” a verba investida – pelo menos desde 2013, a CLDF destinava cerca R$ 240 mil para premiação do Troféu Câmara.
“Mas que tenha um resultado positivo. Vamos buscar novos parceiros e recursos, fazer um evento melhor. Não é meu intuito deixar de apoiar o audiovisual da cidade.”
Na foto, o deputado distrital Rafael Prudente (MDB) no plenário da Câmara Legislativa — Foto: Câmara Legislativa/Divulgação
A retirada do apoio
Em agosto, o deputado anunciou a retirada do apoio financeiro à Mostra Brasília, porque ao Legislativo passava por um “momento de austeridade fiscal”, segundo disse ao G1 na época.
No lugar da CLDF, quem assumiu o patrocínio foi o Banco de Brasília (BRB), que vai repassar R$ 150 mil via Lei de Incentivo à Cultura (LIC).
Rafael Prudente disse que “não sabia do que estava participando” e que o apoio da CLDF “era algo automático”. “Não sabia quais eram os filmes, não sabia a motivação da Câmara no dispêndio dos recursos, que já são escassos, e não via resultado.”
“Não é porque se faz algo automático toda a vida que isso está certo. E nós vimos problemas no processo, será que as produções eram corretas?”
51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro — Foto: Júnior Aragão/Divulgação
Segundo ele, “R$ 250 mil reais era muito dinheiro e não tínhamos como explicar pra sociedade para onde ele estava indo”. A seleção e premiação dos filmes para a Mostra Brasília é baseada em resoluções aprovadas pela própria CLDF, sendo a primeira (nº 117) de 1996 e a mais recente (nº 259) de 2012. Cinco servidores fazem parte do Conselho Gestor do Troféu Câmara.
Somente no ano passado, a mostra premiou dez filmes em 15 categorias. Entre eles:
- “New Life S.A.”: longa-metragem de André Carvalheira, que também ganhou dois prêmios na Mostra Competitiva
- “O véu de Amani”: curta de Renata Diniz, que recebeu um Kikito de “melhor roteiro” no Festival de Gramado
- “Presos que menstruam”, roteirizado por Nana Queiroz
- “O outro lado da memória”, de André Luiz Oliveira
Nova mostra?
De acordo com a Associação das Produtoras Brasileiras de Audiovisual do Centro-Oeste, que elabora o projeto, a mostra está sendo pensada para ocorrer durante dez dias. A ideia é ter sessões competitivas à noite e paralelas durante a tarde no auditório da CLDF.
Troféus distribuídos durante o encerramento do 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro — Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília
“Quem faz filme no DF sofre, porque não tem onde exibir. Esta será mais uma janela”, disse o diretor-presidente, Pedro Lacerda. “Os filmes que não puderem estar no Festival de Cinema terão oportunidade de concorrer à mostra da Câmara em abril.”
“Queremos fazer um panorama do cinema candango, incluir mais filmes e promover debates sobre leis relacionadas ao audiovisual no Brasil.”
Segundo ele, a proposta é que o evento ocorra em abril de 2020, quando se comemoram os 60 anos da capital e o Dia do Audiovisual Candango (22). O nome da mostra está sob definição.
Fonte: G1/DF