Motorista de aplicativo no DF constrói cabine blindada contra agressores

Foto: João Luiz Batista Júnior/Arquivo pessoal

João Luiz Batista, de 39 anos, criou estrutura de policarbonato que o protege dos passageiros. Veja vídeo.

Por Luiza Garonce, G1 DF

Cabine de policarbonato construída pelo motorista de aplicativo João Luiz Batista Júnior, de Brasília — Foto: João Luiz Batista Júnior/Arquivo pessoal

Cabine de policarbonato construída pelo motorista de aplicativo João Luiz Batista Júnior, de Brasília — Foto: João Luiz Batista Júnior/Arquivo pessoal

Diante dos casos de violência contra motoristas de aplicativo no Distrito Federal (leia abaixo), um deles decidiu – literalmente – se blindar contra possíveis agressões. João Luiz Batista Júnior, de 39 anos, construiu a própria cabine para transportar, com segurança, usuários de dois aplicativos.

Ele disse ao G1 que comprou um material de policarbonato próprio para blindagem e, com a ajuda de um amigo, elaborou o projeto e recortou a estrutura de acordo com os moldes do veículo.

Em cerca de um mês, João Luiz estreou o aparato (veja no vídeo abaixo). “O blindado passa entre o banco do motorista e do passageiro, e atrás do banco do motorista”, explicou. O isolamento não atrapalha a conversa no veículo.

“Não é uma proteção contra quem está do lado de fora, mas contra o próprio passageiro.”

Motorista de aplicativo em Brasília constrói cabine blindada para se proteger de violência

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Segundo o motorista, a cabine custou cerca de R$ 3 mil reais – gasto que, para ele, foi um investimento. “O material veio de São Paulo e, do jeito que foi montado, não perdi o banco do passageiro da frente, não afetei o airbag e nem a marcha.”

“Já tem gente me pedindo para fazer pra elas.”

João Luiz disse que, além da própria sensação de segurança, a cabine tem chamado a atenção de quem solicita a corrida. “A galera se amarra, compartilha minha viagem e diz que tinha que ter em todos carros. Elas também se sentem mais seguras.”

Cabine de policarbonato construída pelo motorista de aplicativo João Luiz Batista Júnior, de Brasília — Foto: João Luiz Batista Júnior/Arquivo pessoal

Cabine de policarbonato construída pelo motorista de aplicativo João Luiz Batista Júnior, de Brasília — Foto: João Luiz Batista Júnior/Arquivo pessoal

‘Na defensiva’

João Luiz afirma ter larga experiência com transporte, tendo trabalhado com cargas, serviço de moto e como motorista particular. Por meio de aplicativos, ele atua há 3 anos – sempre atento.

“Estou dia e noite com aplicativo e sempre na defensiva. Já sei que algo vai dar errado só pelo jeito da pessoa, como ela se mexe. O problema é que, por aplicativo, você pega um passageiro de terno e gravata que pode te assaltar.”

“Está difícil detectar. Se não estivessem matando podiam levar até o carro, que tem seguro.”

Prevenção

Motoristas de transporte por aplicativo reunidos próximo ao Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília — Foto: Eraldo Peres/AP

Motoristas de transporte por aplicativo reunidos próximo ao Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília — Foto: Eraldo Peres/AP

Mesmo com a preocupação, João Luiz afirma nunca ter sido vítima de violência durante o trabalho – “a cabine é uma prevenção”, disse ao G1. Ele instalou o aparato em novembro do ano passado, após ler notícias de mortes de motoristas de aplicativo.

“Um menino foi morto em Samambaia e, em menos de 48 horas, morreu outro em Águas Claras. Tudo nas regiões onde eu trabalho”, contou. “Então, resolvi me blindar. Se não, essa turma que quer fazer o mal não vai me deixar trabalhar.”

Motorista de transporte por aplicativo participa de um protesto em Brasília. — Foto: Eraldo Peres/AP

Motorista de transporte por aplicativo participa de um protesto em Brasília. — Foto: Eraldo Peres/AP

Casos de violência

Em outubro do ano passado, o motorista Henrique Fabiano Dias Coelho, de 25 anos, foi morto após ser assaltado por um grupo de adolescentes que havia chamado a corrida em Águas Claras.

Somente em janeiro de 2020, o G1 noticiou outros três casos de violência contra motoristas de aplicativo. Aldenys da Silva, de 29 anos, foi encontrado morto às margens da BR 070, próximo à entrada de Brazlândia, no dia 18.

Cinco dias depois, Maurício Cuquejo Sodré, de 29 anos, foi encontrado morto em uma área rural da Granja do Torto. E no dia 30 de janeiro, Samuel Veras dos Santos, de 41 anos, foi encontrado amarrado e desorientado dentro do porta-malas do carro, um dia após desaparecer.

Fonte: G1/DF

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