Mundo tem apenas três anos para impedir catástrofe climática

Por: Redação SOS

O planeta tem até 2025 para reduzir as emissões de CO2 e impedir efeitos irreversíveis do aquecimento global, alerta relatório da ONU

A humanidade tem apenas três anos para frear as emissões de poluentes do efeito estufa e impedir consequências irreversíveis ao planeta desencadeadas pelo aquecimento global. A data-limite faz parte da terceira e última parte do relatório produzido por especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) — um documento divulgado ontem e considerado referência nas discussões sobre mudanças climáticas. No mesmo dia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou um dado que ilustra bem a atual urgência climática: praticamente toda a população mundial, diz a agência, respira um ar considerado impróprio. Ambas as entidades, que fazem parte das Nações Unidas, defendem que abandonar o uso de combustíveis fósseis é a melhor saída para reverter esse cenário catastrófico.

Nos últimos meses, o IPCC publicou as duas primeiras partes de uma trilogia de avaliações científicas que descrevem o efeito estufa e os seus prejuízos. A última parte, que foca nas medidas a serem tomadas para lidar com os problemas climáticos, foi divulgada após um trabalho exaustivo dos cientistas. “Esse documento vem sendo montado há quatro anos e, nos últimos três, nós sofremos alguns atrasos devido à pandemia. O relatório contou com a participação de 268 autores, de 65 países, e avaliou milhares de estudos científicos”, detalha Mercedes Bustamante, professora do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB) e uma das autoras do relatório.

As análises do IPCC trazem dados preocupantes. Por exemplo, para que a humanidade tenha uma chance de pelo menos 50% de estabilizar o aquecimento global em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, como definiu o Acordo de Paris, as emissões globais de gases de efeito estufa precisam atingir o pico entre 2020 e 2025 e cair 43% até 2030. A condição, porém, parece improvável de ser atingida, já que a produção desses gases nocivos apresentou queda durante a pandemia, mas voltou a subir em 2021. Segundo os autores do documento, as políticas públicas atuais abrem caminho para um aquecimento global de 3,2°C até o fim do século e, com isso, o objetivo de aumento máximo de 1,5°C na temperatura média do planeta está “fora de alcance”.

Os especialistas também concluíram que a quantidade de gás carbônico emitida até hoje corresponde a 80% de tudo o que a humanidade pode produzir se quiser ter uma chance de 50% ou mais de estabilizar o aquecimento da Terra em 1,5°C, mas a produção desse poluente gerada pelo setor industrial e a queima de combustíveis fósseis caiu apenas 0,3% por ano, na última década. Para atingir a meta de Paris, essa redução precisaria ser de 7,7% por ano (25 vezes maior). “Alguns governos e líderes empresariais dizem uma coisa, mas fazem outra. Para ser sincero, eles mentem. E os resultados serão catastróficos”, declarou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em uma mensagem de vídeo divulgada após o lançamento do relatório.

 

*Com informações do Correio Braziliense

COMPARTILHE AGORA:

Leia também