Crime da 113 Sul: defesa de Adriana Villela afirma que jurada ‘prestou informações falsas’ à Justiça

Foto: TV Globo/Reprodução O júri de Adriana Villela começou no dia 23 de setem

Advogados pedem inclusão de discussão sobre jurada em ata do julgamento. Arquiteta foi condenada a 67 anos e 6 meses de reclusão por triplo homicídio.

Adriana Villela no 4º dia de julgamento em Brasília — Foto: TV Globo/Reprodução
Adriana Villela no 4º dia de julgamento em Brasília — Foto: TV Globo/Reprodução

Os advogados da arquiteta Adriana Villela, de 55 anos, apresentaram recurso ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) nesta sexta-feira (4). Na petição, a defesa afirma que uma das juradas sorteadas para analisar o caso “prestou informações falsas à Justiça”.

No julgamento mais longo da história do DF, a arquiteta foi condenada a 67 anos de reclusão, na última quarta-feira (2). O júri a sentenciou pelos assassinatos do pai, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela; da mãe, Maria Villela; e da empregada da família, Francisca Nascimento.

O caso, ocorrido em 2009, ficou conhecido como “crime da 113 Sul” (relembre ao final da reportagem). Adriana Villela levou 10 anos para ser julgada.

Recurso da defesa

Nesta sexta, a defesa apresentou embargos de declaração à sentença. Nesse tipo de recurso, a parte pede ao juiz esclarecimentos sobre pontos da decisão, sem possibilidade de alteração do resultado.

Na petição, os advogados de Adriana Villela solicitam que seja inserida na ata do julgamento uma discussão ocorrida durante o sorteio dos jurados que iriam analisar o caso. No documento, eles afirmam que uma das juradas espalhou notícias falsas nas redes sociais envolvendo o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, um dos representantes de Adriana Villela.

Notícia falsa postada sobre o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro — Foto: Reprodução
Notícia falsa postada sobre o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro — Foto: Reprodução

Uma imagem anexada mostra a postagem da jurada (veja acima). Na publicação, ela afirma que o advogado é um dos defensores de Adélio Bispo, preso após um atentado contra a vida do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

A alegação é falsa e a defesa de Adriana Villela, inclusive, usa uma reportagem do G1 que desmentiu o boato. Os advogados afirmam que encontraram a postagem em uma pesquisa feita antes do sorteio do júri.

Tentativa de afastar jurada

Após ter acesso à informação, a defesa de Adriana Villela tentou excluir a jurada do sorteio. Mas o pedido foi negado pelo juiz Paulo Giordano, que presidia o julgamento.

Segundo os advogados, a jurada chegou a ser questionada sobre a publicação e afirmou que não possuía redes sociais. A petição afirma que, por isso, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, aceitou a permanência dela no júri.

Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay — Foto: Reprodução/TV Globo
Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay — Foto: Reprodução/TV Globo

De acordo com os advogados, no entanto, após comparar fotos da autora da postagem com a jurada, foi possível confirmar que se trata da mesma pessoa. Assim, a defesa de Adriana Villela afirma que a jurada mentiu para a Justiça.

“A defesa jamais poderia cogitar que, mesmo após o alerta do eminente magistrado, algum dos Jurados prestaria informações falsas perante Vossa Excelência a fim de permanecer no Conselho de Sentença.”

Segundo a defesa, a discussão sobre a exclusão da jurada, que ocorreu antes do início dos depoimentos, não está na ata do julgamento. E, por isso, a petição pede a inclusão desses trechos no documento.

103 horas de julgamento

8º dia de julgamento de Adriana Villela, em Brasília — Foto: TV Globo/Reprodução
8º dia de julgamento de Adriana Villela, em Brasília — Foto: TV Globo/Reprodução

O júri de Adriana Villela começou no dia 23 de setembro e acabou em 2 de outubro. Após mais de 103 horas de sessão, a arquiteta acabou condenada pelos seguintes crimes:

  • Triplo homicídio triplamente qualificado: motivo torpe, com crueldade e impossibilidade de defesa
  • Furto qualificado (em razão do concurso de pessoas): o promotor diz que é furto porque as vítimas já estavam mortas, senão seria latrocínio

A pena foi fixada em 67 anos e 6 meses de reclusão. O juiz Paulo Giordano, no entanto, concedeu a Adriana o direito a de recorrer em liberdade.

Fonte: Pedro Alves e Afonso Ferreira, G1 DF

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