Paulo Castelo Branco: O PRESIDENTE EVANGÉLICO E SUAS LEITURAS

Por: Paulo Castelo Branco

Por Paulo Castelo Branco*

“SOBRE O SER HUMANO – É IMPRESSIONANTE QUE, APESAR DE SUA NOTÓRIA ESTUPIDEZ, SUA ABSOLUTA INCAPACIDADE DE
RECONHECER A REALIDADE QUE O CERCA, SOBRETUDO, A REALIDADE DE SUA PRÓPRIA INEFICÁCIA PRA SOBREVIVÊNCIA, O
HOMEM CONTINUE A SE ACHAR O REI DOS ANIMAIS. E TODOS SABEM QUE, QUANDO DEUS CRIOU O HOMEM, TODOS OS ANIMAIS
QUE ESTAVAM EM VOLTA SÓ NÃO CAÍRAM NA GARGALHADA POR UMA QUESTÃO DE RESPEITO”.
(Milllôr Fernandes – Millôr Definitivo – L&PM)

O presidente Bolsonaro, se atendesse às recomendações de seus auxiliares e tirasse
uns quatorze dias para se recuperar do cansaço e dos riscos que corre ao manter
contato com o povo, deveria passar umas horas trabalhando em casa e acompanhando
os informes reservados que lhes são enviados a cada minuto.
Nos intervalos, deveria ficar na biblioteca – salva pela primeira-dama – e, primeiro,
como evangélico, recorrer ao Livro Sagrado e ler, em Tiago 3, as recomendações sobre
“Os pecados da língua e o dever de refreá-la”: “Meus irmãos, não vos torneis, muitos
de vós, mestres, sabendo que havemos maior juízo. 2- Porque todos tropeçamos em
muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar e perfeito varão, capaz de refrear
também todo o seu corpo”
Se, no entanto, considerar a Bíblia muito grande e de letras pequenas, assista
biografias que estão disponíveis na televisão. A vida de personagens históricos serve
muito para melhor compreender as vicissitudes da vida.
Quando cansar dos temas suaves, procure nas estantes o livro “Gabinete de Crises” de
José Alberto Cunha Couto e José Antônio de Macedo Soares, que auxiliaram o general
Alberto Mendes Cardoso na criação do gabinete que serviu, e serve, como auxiliar
imprescindível do governante. Chame os membros atuais do gabinete ou convide seus
velhos companheiros de caserna que por ali passaram para contarem os percalços de
cada governo.
Recentemente assisti a uma palestra sobre assunto, na qual, ex-membros do primeiro
gabinete de crise, demonstraram a importância de estar bem informado.
Cansado de tantas indicações, pule na piscina, faça ginástica para se manter atleta
sênior, sem descuidar da alimentação frugal.
No dia seguinte, ao invés de sair do Palácio da Alvorada, lembre-se que ali morou
Juscelino Kubitschek, criador da Capital Federal, desbravador do interior do país
abandonado desde o império e implantador de tantas outras inovações que nos
tornaram uma grande nação.
JK, indômito e não mito, prometeu transferir a Capital para o Centro-Oeste e que faria
um governo de cinquenta anos em cinco, nos tirando dos métodos obsoletos, unindo
políticos, anistiando adversários e respeitando o regime democrático até o fim do
governo.

Jair Messias Bolsonaro, que sobreviveu a um atentado que quase lhe tirou a vida,
renasceu, mas não é o Emissário de Deus que, talvez, esteja pensando que é.
Nestes tempos nebulosos e cheios de incertezas, o presidente tem o dever
constitucional de liderar os seus cidadãos e olhar para trás e relembrar os feitos que já
realizou em prol do país em um ano e três meses de governo.
A indicação de técnicos para auxiliá-lo como ministros, o combate rigoroso à
corrupção, a quebra do controle dos trabalhadores pelos sindicados, a manutenção da
ordem e da segurança pública como combate às organizações criminosas, a liberdade
e o direito de expressão, além da reforma da previdência que rolava há anos nos
misteriosos escaninhos da burocracia; não é pouco.
São muitas ações e decisões fundamentais em tão pouco tempo. Na verdade, o
governo governa, e o presidente fala.
Presidente Bolsonaro, governe um ano em um ano; e a verdade o libertará.

Brasília, 31 de março de 2020.

*Paulo Castelo Branco é professor, advogado e ex-secretario de segurança publica do Distrito Federal – Colunista convidado especial do SOS BRASÍLIA

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