Cadê a chuva? DF completa 100 dias de estiagem; veja previsão para a semana

Céu de Ceilândia — Foto: Jaqueline Santana/VC no G1

Tempo pode mudar a partir do domingo, dizem meteorologistas. Última medição de chuva foi em 4 de junho.

Céu de Ceilândia — Foto: Jaqueline Santana/VC no G1
Céu de Ceilândia — Foto: Jaqueline Santana/VC no G1

O Distrito Federal completa 100 dias sem chuva nesta quarta-feira (11), uma semana após a Defesa Civil declarar estado de emergência na região por causa da baixa umidade. A última chuva ocorreu em 4 de junho.

Na série histórica, este é o segundo período mais longo, dos últimos cinco anos, em que o DF ficou sem chuva (veja números abaixo). A medição do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) considera que 2017 bateu 131 dias consecutivos sem uma gota de água. Veja abaixo:

  • 2014 – 65 dias consecutivos sem chuva
  • 2015 – 60 dias
  • 2016 – 97 dias
  • 2017: 131 dias
  • 2018: 79 dias

Para os especialistas, a seca é comum para o período e deve durar até a segunda quinzena deste mês. A previsão é de que a chuva caia sobre a capital na próxima semana, e com mais intensidade a partir de outubro.

Segundo o meteorologista Heráclio Alves

“A precipitação pode ocorrer ou não, depende da chegada de sistemas como frentes frias que avançam pelo país”,
Carcará voa na Floresta Nacional de Brasília durante por do Sol — Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília/Divulgação
Carcará voa na Floresta Nacional de Brasília durante por do Sol — Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília/Divulgação

Segundo o analista do Inmet

“A condição é considerada normal para o período”.
“O período de estiagem é de temperaturas elevadas e umidade baixa, que caracterizam o fim de inverno.”

O meteorologista explica ainda que o motivo do DF viver com longos períodos de estiagem é a massa de ar quente e seca que predomina sobre a região Centro-Oeste nesta época do ano – de maio a setembro.

“O sistema impede a formação de nebulosidade, bloqueia o avanço das frentes frias que vêm do sul do país e a desvia para o oceano”, explica. “Como bloqueia a formação de nuvens, consequentemente impede a chegada da chuva”.

“Sem cobertura de nuvens, aumenta-se a temperatura e isso declina umidade relativa do ar.”

E quando a chuva chegar…

Com a previsão de chuva para a próxima semana, o governo do DF informou que tem “intensificado os trabalhos [de infraestrutura] para que homens e máquinas aproveitem o período de estiagem”.

No Setor Habitacional Bernardo Sayão, no Guará, foram feitas obras de água, esgoto, drenagem pluvial, pavimentação asfáltica e iluminação pública. O investimento total R$ 56 milhões. As obras iniciaram no ano passado e foram retomadas em julho deste ano.

Detalhes do carro que foi 'engolido' por cratera em Vicente Pires, no Distrito Federal, em 2018 — Foto: Corpo de Bombeiros do DF/Divulgação
Detalhes do carro que foi ‘engolido’ por cratera em Vicente Pires, no Distrito Federal, em 2018 — Foto: Corpo de Bombeiros do DF/Divulgação

No centro de São Sebastião, o procedimento foi de limpeza de bocas de lobo, manutenção de vias não pavimentadas e o recolhimento de entulho nas quadras 300 do residencial Oeste.

Apesar do trabalho em algumas regiões, as obras de pavimentação asfáltica e de drenagem de água das chuvas no Setor Habitacional Vicente Pires perderam R$ 9,9 milhões de investimento. A região sofre constantemente com lama, poeira e uma série de alagamentos.

Em agosto, o GDF publicou um termo aditivo que altera o contrato firmado em junho do ano passado e que, segundo a Secretaria de Obras e Infraestrutura, estava parado.

A pasta acrescentou R$ 6,1 milhão – o equivalente a 24% do valor contratual – mas retirou R$ 16,1 milhões – 50% do que seria o “novo” montante. Na prática, o valor passou dos iniciais R$ 24.814.908,50 para R$ 14.835.340.

E tem solução?

Para o engenheiro civil Davi Navarro, especialista em infraestrutura urbana, as soluções para amenizar os alagamentos nos períodos de chuva no DF podem ser implementadas em médio prazo.

Algumas ações para mitigação dos impactos se referem basicamente às melhorias no aproveitamento do espaço urbano. “O ideal seria adotar medidas não estruturantes para detenção da água o máximo de tempo possível nas fontes geradoras, a exemplo de estacionamentos”, explica o pesquisador.

“Em vez de apenas pavimentar as áreas, utilizar faixas verdes para criação de trincheiras de infiltração ou reservatórios para o amortecimento da água.”

Além disso, Navarro lembra que os problemas de alagamento em tesourinhas do Plano Piloto, por exemplo, ocorrem desde a década de 1970 – 10 anos após a construção da capital.

Um dos motivos, segundo ele, está ligado à limpeza das bocas de lobo que, muitas vezes, são entupidas por sedimento ou folhagem. “Hoje, agravado pelo aumento da impermeabilização do solo, algumas redes não têm capacidade para suportar o deflúvio [escoamento] gerado pelas fortes chuvas, existindo alguns pontos onde a rede fica pressurizada.”

Pedestres em dia de chuva, em Brasília; imagem de arquivo — Foto: TV Globo/Reprodução
Pedestres em dia de chuva, em Brasília; imagem de arquivo — Foto: TV Globo/Reprodução

Nível dos reservatórios

Mesmo sem registrar chuvas desde 4 de junho, por enquanto, a falta de precipitação no DF não impactou diretamente no nível dos dois principais reservatórios de água da capital.

Nesta terça-feira (10) – medição mais atualizada da Agência Reguladora de Águas (Adasa), o Descoberto operava com 83,4% do volume útil, mais do que o valor de referência para o mês: 55%. O de Santa Maria estava em 94,6%, bem acima da previsão de 75%.

Fonte: G1/DF

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