Locais ‘pet friendly’ viram moda em Brasília, mas poucos seguem regras da Vigilância

Pets estão em 42% das residências do DF, segundo Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação. Estabelecimentos tentam responder à demanda; entenda.

Por Brenda Ortiz, G1 DF

Carmem Rizza com um de seus 15 pets — Foto: Carmem Rizza

Carmem Rizza com um de seus 15 pets — Foto: Carmem Rizza

Quase metade dos lares do Distrito Federal tem, pelo menos, um animal de estimação. De acordo com um levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (AbinPet), os pets estão em 42% das residências.

Com tanto apego dos humanos aos bichos, os locais “pet friendly” – onde é possível levar cachorros e gatos – passaram a ser, além de moda, uma necessidade na capital. Só levando em conta os estabelecimentos que trabalham com alimentação, já são mais de 100 os que aceitam a presença dos pets.

Para Carmem Rizza, que tem 15 cachorros em casa, esses ambientes são os preferidos na hora de escolher um lugar para ir.

“Fico feliz quando encontro um restaurante ou café onde posso ir com meus bichinhos. É bom sentir que não estou incomodando ninguém e que eles são bem tratados.”

O problema é que os estabelecimentos de alimentação devem cumprir normas específicas, elaboradas pela Vigilância Sanitária, para se tornarem pet friendly (veja abaixo).

No entanto, a maioria começou a permitir a entrada dos animais por uma demanda dos frequentadores, sem adaptar o ambiente que exige, por exemplo, um funcionário para cuidar dos cachorros e gatos.

Cachorro em escorregador em espaço criado para pets dentro de shopping de Brasília — Foto: Cristiano Sérgio/ FOTOFORUM

Cachorro em escorregador em espaço criado para pets dentro de shopping de Brasília — Foto: Cristiano Sérgio/ FOTOFORUM

Exigências da Divisão de Vigilância Sanitária para estabelecimentos pet friendly:

  1. É permitida a permanência de animais somente na área de consumação, desde que possuam espaço identificado, reservado e adequado para recebê-los
  2. A área de consumação destinada para os consumidores e seus animais deve ser revestida de material sanitário (liso, não poroso, de fácil limpeza e desinfecção) e provida de ponto de água para higienização
  3. Este espaço deve ser isolado das áreas de recepção de matéria prima, armazenamento, preparo, venda e consumação, para evitar contaminação cruzada de alimentos e incômodo aos demais consumidores
  4. O estabelecimento deve manter um funcionário paramentado para efetuar a higienização do ambiente, que somente poderá realizar outros serviços com adequada separação de atividades, completa higienização pessoal e troca de uniforme
  5. Não é permitida a entrada de animais em estabelecimentos comerciais varejistas, de pequena permanência, sem consumação no local, tais como: supermercados, mercearias, padarias e similares
Quadro de regras para presença de pets em restaurante — Foto: Divulgação

Quadro de regras para presença de pets em restaurante — Foto: Divulgação

A Diretoria de Vigilância Sanitária, da Subsecretaria de Vigilância à Saúde do DF, afirmou ao G1 que “todas as fiscalizações são feitas para verificar se os estabelecimentos estão cumprindo as exigências previstas em lei”.

No entanto, nenhum dos estabelecimentos visitados pela reportagem nesta semana seguia todas as normas.

Mercado

A lista de lugares que aceitam pets no Distrito Federal é enorme, mas nem todos se tornaram pet friendly intencionalmente. O dono do restaurante The Plant, Ruy Souza, é um dos poucos que, quando abriu o negócio, já pensava nos mascotes.

Todas as mesas estão em uma área externa, ao ar livre. Há também vasilhas de água para os animais.

“Muitas vezes quem mora na quadra passa e vê que aceitamos a permanência de animais. A pessoa volta em casa, busca o cachorro e vem comer aqui.”

O dono do restaurante já até sabe o nome de alguns pets que frequentam o restaurante com os donos. Ruy disse que o próximo passo é colocar caminhas ao lado das mesas “para dar mais conforto para os bichos”.

Pet cliente do restaurante The Plant — Foto: Instagram @theplantbr

Pet cliente do restaurante The Plant — Foto: Instagram @theplantbr

No Páprica Burguer da Asa Norte, o chef Leonildo da Silva conta que os clientes com cães são bem-vindos. “Eles sempre ficam na área externa, onde nós deixamos a vasilha de água”, explica.

“Às vezes, quando o cachorro é de grande porte, os donos ficam na parte mais afastada. Eles mesmos se preocupam em não incomodar.”

A chef de cozinha da Brigadeirando café, Helaine Cristina, conta que os clientes começaram a vir com cachorros principalmente nos fins de semana. Eles mesmos passaram a ocupar a área externa do café.

“Nós percebemos esse movimento do público e começamos a oferecer vasilhas de água descartáveis, quando os donos pedem. Mas não foi uma coisa planejada. Simplesmente aconteceu.”

Pug de estimação de Carmem Rizza — Foto: Carmem Rizza

Pug de estimação de Carmem Rizza — Foto: Carmem Rizza

Situações delicadas

A maioria dos entrevistados pelo G1 disse que nunca aconteceu nenhuma situação estranha em seus restaurantes ou cafés. Mas uma gerente e nutricionista, que não quis se identificar, contou que recebe com frequência uma cliente que causa muito incômodo.

“Ela sempre tenta entrar na área interna, onde fica o buffet, com o cachorro, e toda vez eu preciso insistir que não pode.”

Segundo a nutricionista, o cachorro chega ao restaurante em um carrinho e a dona pede para que os garçons sirvam o pet – o que é proibido. “Uma vez, vi ela dando comida do prato dela para ele, e usando o talhar do restaurante. Fiquei desesperada, e joguei todos fora”, relembra.

A gerente mandou fazer placas de sinalização para o restaurante, com regras bem específicas do que não se deve fazer estando com pets no local.

Direito de recusar animais em restaurantes

Mesmo com a autorização dada pelo próprio restaurante, o estabelecimento pode recusar que alguns animais fiquem dentro do local por diversos motivos. Os principais são a falta da carteira de vacinação, o fato de o bichinho estar sujo, ser muito bravo ou grande demais para aquele espaço.

As regras são definidas pelo próprio restaurante, bar ou café. O dono do pet não tem muitos direitos quando for discutir com algum empresário que não quer deixar o gato ou o cachorro entrar no comércio.

Fonte: G1

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