Em 96 dias de 2021, Central de Regulação de Urgências recebeu 6.398 ligações falsas pelo 192. Secretaria de Saúde alerta que trotes podem prejudicar pacientes que precisam de socorro urgente
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência do Distrito Federal (Samu) recebeu só este ano, pelo menos dois trotes por hora. Ao todo, foram 6.398 ligações para consideradas falsas de janeiro até esta terça-feira (6).
O número equivale a 66 trotes por dia direcionados ao telefone192, que é a Central de Regulação de Urgências.
“Qualquer atraso no atendimento de quem está precisando de socorro urgente pode ser fatal, ainda mais durante a pandemia de Covid-19,” alerta o diretor do Samu, Victor Arimatea.
“Enquanto um dos nossos teleatendentes atende uma chamada de trote, existe uma pessoa com uma ocorrência verdadeira sem conseguir falar com dos nossos técnicos”, diz Victor.
Apenas sete profissionais realizam atendimento inicial por telefone. Segundo Victor Arimatea, o ideal era não ter nenhuma informação falsa.
“É o que mais atrapalha o trabalho do Samu, porque deslocamos uma equipe para atendimento e, enquanto isso, uma vítima grave de um acidente, tiro, infarto, facada, pode deixar de ser atendida”, diz o diretor do Samu.
Apesar do alto número de trotes, segundo o Samu, de 2019 até o primeiro trimestre de 2021, as ligações falsas tiveram redução no Distrito Federal. Em 2019, foram registrados 51.744 trotes e, em 2020, ocorreram 26.443 ligações inverídicas.
Trotes registrados pelo Samu
Ano | Trotes |
2019 | 51.744 |
2020 | 26.443 |
2021 | 6.398 |
“A gente atribui essa queda à maior conscientização das pessoas, principalmente neste momento de pandemia, em que as equipes de saúde têm sido mais solicitadas”, diz o diretor. Ele aponta ainda o projeto “Samuzinho”, que conscientiza as crianças nas escolas sobre a importância do serviço prestado, como outro fator de mudança de cultura.
Segundo Victor Arimatea, em 98% das vezes as equipes conseguem identificar um trote e não encaminham a chamada para socorro médico. “O quantitativo de trotes sempre atrapalha nos atendimentos de ocorrências reais, por isso, o objetivo é zerar o número de trotes. Além disso, os deslocamentos priorizam demandas mais graves que possam resultar em óbitos”, diz ele.
Fonte: G1/DF