Por Lino Tavares*
O Exército Brasileiro, representado por seus contingentes da ativa e da reserva, perdeu um de seus mais destacados chefes militares das últimas décadas, em razão do falecimento do general Piero Ludovico Gobbato, ocorrido no dia 10/06/2020, em Brasília, onde fixara residência desde que passou a servir na capital da República, exercendo o cargo de comandante do Batalhão da Guarda Presidencial.
Associo-me aos momentos de pesar de seus familiares e amigos na condição de antigo comandado do então capitão Gobbato, durante a prestação do Serviço Militar Inicial na Companhia do Quartel General da 3ª Região Militar, em Porto Alegre – RS. Tendo seguido a carreira, pautei minha trajetória da caserna espelhado nos bons e úteis ensinamentos adquiridos sob a chefia desse militar de escol, em cujo exercício tornou-se um formidável exemplo aos que primam pela profissão das armas com o intuito de servir a pátria com denodo e civismo. Justo e perseverante na sua forma de comandar, o capitão Gobatto que conheci nos primeiros dias da convivência no quartel sempre dispensou tratamento igual aos iguais, sem jamais contemplar qualquer de seus comandados com privilégios decorrentes de preferências de cunho pessoal. Fiel ao princípio da equidade no trato com subordinados, premiava as boas ações e punia os desvios de conduta de seus soldados sempre imbuído do nobre propósito de moldar o caráter patriótico do cidadão fardado, despertando-lhe a noção exata do fiel cumprimento do dever. Mercê desses valores agregados, que denotavam espírito cívico, senso de justiça e competência funcional, o oficial da Arma de Infantaria, Piero Ludovico Gobbato, galgou os postos mais expressivos da hierarquia militar, coroando sua brilhante carreira no importante cargo de General Comandante da 3ª Divisão de Exército, sediada em Santa Maria-RS, em cujo exercício reencontrei esse antigo chefe por ocasião de uma visita à Guarnição Militar de Alegrete. Na oportunidade, entrevistei o general Gobatto e dividi com ele um momento de grande emoção, rememorando os bons tempos da convivência sadia no âmbito da Cia QGR/3, no decorrer da qual colhi sábios ensinamentos para trilhar com disciplina e proficiência os 28 anos em que servi ao glorioso Exército de Caxias. No fecho desse tributo, externo minha profunda gratidão ao general Piero Ludovico Goabatto, por tudo quanto de útil e patriótica me ensinou, moldando meu caráter de soldado e cidadão, de modo a honrar a profissão de jornalista que hoje exerço com o mesmo padrão de dignidade com que honrei ontem a dignificante atividade da caserna. Que Deus o tenha entre os que, como ele, revelaram aos olhos da humanidade uma passagem terrena digna da merecida recompensa divina.
*Lino Tavares é jornalista e colunista convidado do SOS BRASÍLIA
