Retrospectiva 2019: 10 crimes que abalaram o DF

Fotos das dez vítimas de crimes que abalaram o DF em 2019 — Foto: Arte/G1

Mortes que tiveram maior repercussão. Lista está em ordem cronológica; confira.

Por Afonso Ferreira, G1 DF

Fotos das dez vítimas de crimes que abalaram o DF em 2019 — Foto: Arte/G1

Fotos das dez vítimas de crimes que abalaram o DF em 2019 — Foto: Arte/G1

Em 2019, o Distrito Federal registrou uma série de crimes que abalaram a capital. Foram crianças, jovens, idosos, mulheres e homens vítimas da barbárie – independentemente de idade, profissão ou situação econômica.

Relembre os casos, em ordem cronológica:

Milton Junio, estudante, 19 anos

Milton Junio, de 19 anos, morto na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília — Foto: Arquivo pessoal

Milton Junio, de 19 anos, morto na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília — Foto: Arquivo pessoal

Na madrugada do dia 15 de janeiro, Milton Junio Rodrigues de Souza, de 19 anos, morreu após ser esfaqueado no peito, na Rodoviária do Plano Piloto. O crime ocorreu na plataforma inferior, perto da escada rolante.

Segundo a polícia, a vítima – que era estudante da Universidade de Brasília (UnB) – estava lanchando com dois amigos e um morador de rua pediu um isqueiro. Depois, o homem disse que queria um pouco da bebida que eles estavam tomando. Os rapazes teriam se recusado a dividir.

Quando os jovens foram ao banheiro, um adolescente, também morador de rua, teria sugerido “vingança” contra Milton Junio. O adolescente e o adulto foram atrás do estudante e o esfaquearam, até a morte.

Dois dias após o crime, a polícia prendeu o homem suspeito de matar Milton Junio. Ele foi identificado como Adriano Ferreira dos Santos, de 34 anos, artesão e morador de rua. Já o adolescente não foi localizado.

Gabriela Cunha, médica, 32 anos

A médica Gabriela Cunha foi morta pelo motorista particular no Distrito Federal  — Foto: Facebook/Reprodução

A médica Gabriela Cunha foi morta pelo motorista particular no Distrito Federal — Foto: Facebook/Reprodução

No dia 28 de janeiro, a Delegacia de Repressão à Sequestros (DRS) anunciou o desfecho de um caso que durante três meses intrigou a polícia e a família da médica Gabriela Cunha, de 44 anos. O ex-motorista da diretora do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) Rafael Henrique Dutra, de 32 anos, estava preso e havia confessado o assassinato da mulher para quem trabalhou por dois anos.

  • O assassino confesso levou os policiais até o local onde havia abandonado o corpo, em outubro de 2018. Durante dois meses o homem ainda usou o WhatsApp da médica para mandar mensagens para a família da vítima, se fazendo passar por ela.

Segundo a investigação, na manhã de 24 de outubro, Rafael Henrique Dutra levou a patroa para o hospital, como sempre fazia. Por volta do meio-dia, saiu de Taguatinga com ela e foi até uma agência bancária, em Sobradinho. No local, Gabriela fez uma transferência bancária para Rafael.

Diretora do HRT é morta por motorista particular

Diretora do HRT é morta por motorista particular

Quando estavam retornando para Taguatinga, o motorista estacionou o carro em uma parada de ônibus e disse que tinha ouvido um barulho na roda do veículo. Nesse momento, um outro homem teria entrado no carro, simulado um assalto e determinado que Rafael seguisse para Brazlândia.

Próximo a uma estrada de chão, o motorista parou o carro e Gabriela foi enforcada. O corpo foi deixado no local.

Herison de Oliveira , policial militar, 38 anos

1º tenente da Policia Militar, Herison de Oliveira Bezerra, morreu após ser baleado em casa de show — Foto: Facebook/Reprodução

1º tenente da Policia Militar, Herison de Oliveira Bezerra, morreu após ser baleado em casa de show — Foto: Facebook/Reprodução

No dia 15 de abril, o 1º tenente da Policia Militar, Herison de Oliveira Bezerra, de 38 anos, foi morto na casa de show Barril 66, em Águas Claras. Segundo a polícia, o autor dos disparos foi o policial civil Pericles Marques Portela Junior, de 39 anos.

O crime aconteceu por volta das 3h da madrugada. As imagens do circuito interno de segurança da casa registraram o assassinato.

Policial militar é morto por policial civil em casa de show de Águas Claras

Policial militar é morto por policial civil em casa de show de Águas Claras

O policial civil Pericles Marques Portela Júnior estava escorado no balcão. O tenente Herison de Oliveira Ferreira passou e os dois se esbarraram.

Em seguida, o agente empurrou o PM, sacou a arma e apontou para o militar – que também pegou a arma que carregava. Nesse momento, Pericles atirou.

O PM foi atingido por três disparos, deu alguns passos e cai no chão. Após o crime Pericles Marques Portela foi preso em flagrante e continuava detido até a publicação desta reportagem.

Rhuan Maycon, 9 anos

Rhuan Maicon tinha quatro anos quando saiu do Acre com a mãe, segundo avô — Foto: Arquivo da família

Rhuan Maicon tinha quatro anos quando saiu do Acre com a mãe, segundo avô — Foto: Arquivo da família

No dia 1º de junho, o corpo de Rhuan Maycon da Silva Castro, de 9 anos foi encontrado esquartejado dentro de uma mala deixada na quadra QR 425, em Samambaia. A mãe do menino, Rosana Auri da Silva Cândido, de 27 anos, e a companheira dela Pryscila Santiago Damasceno Pessoa, de 28 anos, foram presas na casa onde moravam com o menino e com a filha de Kacyla, de 8 anos.

Em depoimento à polícia, Rosana contou que “sentia ódio e nenhum amor pela criança”.

“Rosana nutria sentimento de ódio em relação à família paterna da vítima. Kacyla conhecia os motivos da companheira e aderiu a eles”, diz a denúncia oferecida pelo Ministério Público do DF à Justiça.

Mulheres suspeitas de matar e esquartejar menino de 9 anos no DF  — Foto: Divulgação PC/DF

Mulheres suspeitas de matar e esquartejar menino de 9 anos no DF — Foto: Divulgação PC/DF

Rosana e Pryscila também foram acusadas de tortura. Segundo o MP, as mulheres “castraram e emascularam a vítima”. Além disso, “impediram que Rhuan tivesse acesso a qualquer tratamento ou acompanhamento médico”.

Na denúncia, o MP afirmou que a mãe de Rhuan arquitetou o crime por odiar a família do pai dele. Até a publicação desta reportagem, Rosana e Pryscila permaneciam presas, a espera de julgamento.

Kazimerz Wojn, padre, 71 anos

Padre Kazimerz Wojn, conhecido como padre Casemiro, foi assassinado na Asa Norte — Foto: TV Globo/Reprodução

Padre Kazimerz Wojn, conhecido como padre Casemiro, foi assassinado na Asa Norte — Foto: TV Globo/Reprodução

No dia 21 de setembro, o padre Kazimerz Wojn, de 71 anos, foi morto durante um assalto na casa paroquial da igreja Nossa Senhora da Saúde, na quadra 702 Norte. O corpo do sacerdote foi encontrado em uma obra, no terreno da igreja.

Padre Casemiro, como era conhecido, foi rendido pouco após a missa, que acabou às 19h. Ele foi encontrado com braços e pernas amarrados e um arame no pescoço.

Carlos Gabriel, 11 anos

Mãe de menino de 11 anos espancado até a morte diz que fez tudo para salvar o filho

Mãe de menino de 11 anos espancado até a morte diz que fez tudo para salvar o filho

No dia 5 de Novembro, o corpo de um menino, de 11 anos, foi encontrado em uma mata, às margens de um córrego, em Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal.

  • Carlos Gabriel era morador do DF. A mãe da criança disse ao G1 que ele usava drogas desde os 9 anos. Em 2019, o menino foi levado à delegacia oito vezes por roubos e furtos.

“Fiz de tudo para salvar meu filho. E ele não era desprezado. Eu nunca o desprezei. Nunca abandonei nenhum deles.

  • A Polícia Civil de Goiás acredita que o crime possa ter sido cometido por vingança, já que o garoto tinha sido ameaçado diversas vezes por conta do envolvimento em delitos. Para tentar proteger o filho, a mãe pediu ajuda para colocá-lo em um abrigo.

Os suspeitos do crime não tinham sido localizados até a publicação desta reportagem.

Marcos Aurélio Rodrigues de Almeida, vigilante, 32 anos

Vigilante Marcos Aurélio Rodrigues de Almeida, 32 anos encontrado esquartejado em Brasília — Foto: Arquivo pessoal

Vigilante Marcos Aurélio Rodrigues de Almeida, 32 anos encontrado esquartejado em Brasília — Foto: Arquivo pessoal

No dia 11 de novembro, partes do corpo de Marcos Aurélio Rodrigues de Almeida, de 32 anos, começaram a ser encontradas pela Polícia Civil, em Samambaia.

  • Segundo as investigações, o vigilante foi assassinado pela ex-namorada que não aceitava o fim da relação. De acordo com a polícia, a mulher dopou Marcos Aurélio antes dele ser esquartejado. O crime foi cometido com a ajuda de um homem.

“A cabeça ele jogou em um contêiner de lixo, a coleta foi feita e foi parar no aterro sanitário. Nós fizemos diligências, contamos com auxílio do Corpo de Bombeiros, mas não foi possível localizar a cabeça”, apontou o delegado Fernando Celso, que investigou o crime.

Enterro do vigilante Marcos Aurélio Rodrigues de Almeida — Foto: Afonso Ferreira/G1

Enterro do vigilante Marcos Aurélio Rodrigues de Almeida — Foto: Afonso Ferreira/G1

  • Marcos desapareceu, após sair do trabalho, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), no sábado, 9 de novembro. Segundo a polícia, ele pegou um ônibus na Rodoviária do Plano Piloto para ir até a casa da ex-namorada, em Samambaia.

Os investigadores não sabem o motivo que levou a vítima ao local, mas descobriram que o vigilante e a ex conversaram pelo celular, horas antes. Dois dias após o início das investigações, a polícia prendeu o casal suspeito. Os dois seguem detidos preventivamente – por tempo indeterminado.

Luiz Augusto Rodrigues, médico, 45 anos

O médico Luiz Augusto Rodrigues foi morto durante uma abordagem da PM — Foto: Arquivo Pessoal

O médico Luiz Augusto Rodrigues foi morto durante uma abordagem da PM — Foto: Arquivo Pessoal

Na madrugada de 28 de novembro, o médico Luiz Augusto Rodrigues, de 45 anos, foi morto pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) durante uma abordagem. Ele e um amigo estavam na quadra comercial 314/315 Sul, no Plano Piloto.

Os policiais militares que atiraram e mataram o endocrinologista disseram em depoimento que “suspeitaram da vítima por conta do horário e do alto índice de veículos roubados na Asa Sul”.

  • À época, o G1 teve acesso exclusivo ao relatório da ocorrência registrado pela Polícia Militar após o incidente. De acordo com o documento, “os militares viram dois homens em atitude suspeita, em frente ao Teatro dos Bancários, na Asa Sul, perto de uma caminhonete”.

Ao realizarem a abordagem, conforme o relato da corporação, “um dos homens apontou uma arma”. Esse homem é um sargento da reserva, que trabalhou no Batalhão de Choque da PMDF, e era amigo do médico.

Um vídeo gravado pela PM, após a morte do médico, mostra o sargento – que aparenta estar embriagado – no chão, com as mãos para trás, sendo interrogado pelos militares.

Morte após abordagem da PM, amigo de médico morto no DF aparece visivelmente embriagado

É possível ver que o corpo do médico estava caído, ao lado. Um policial perguntou por que o sargento reformado apontou a arma para o carro da PM. O sargento disse que ingeriu bebida alcoólica e que estava protegendo o amigo.

“Cara, olha pra mim. Olha pra mim. Eu já tô, olha pra mim. Eu posso te falar com sinceridade. Entre nós aqui, entre nós aqui. Eu tomei uma, eu tava protegendo o doutor Luiz, olha aqui pra mim.”

No dia 18 de dezembro, a Polícia Civil fez a reconstituição da morte do endocrinologista, um dos últimos passos para finalizar a investigação. A polícia disse que já teve acesso ao laudo cadavérico e que aguarda o resultado da perícia realizada no local, no dia da morte de Luiz Augusto Rodrigues.

Os policiais militares que fizeram a abordagem que resultou na morte do endocrinologista foram afastados das ruas. Eles devem ficar em atividades administrativas até a conclusão das investigações.

Sharley Ângelo, estudante, 14 anos

Sharley Ângelo Andrade Sirqueira, de 14 anos, foi morto a tiros no DF  — Foto: Arquivo pessoal

Sharley Ângelo Andrade Sirqueira, de 14 anos, foi morto a tiros no DF — Foto: Arquivo pessoal

No dia 29 de novembro, Sharley Ângelo Sirqueira, de 14 anos, foi morto no Sol Nascente. De acordo com a Polícia Civil o menino foi usado como escudo por um rapaz de 21 anos.

  • O estudante foi atingido por sete disparos: dois na cabeça, três no tórax e dois na coxa direita. O jovem que estava ao lado do adolescente foi ferido com dois tiros: um na perna direita e outro na perna esquerda. Ele passou por cirurgia e foi liberado do hospital.
Policiais fazem perícia no local onde Sharley Ângelo Andrade Sirqueira, de 14 anos, foi morto a tiros no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Policiais fazem perícia no local onde Sharley Ângelo Andrade Sirqueira, de 14 anos, foi morto a tiros no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Os professores do Centro de Ensino Fundamental 19 (CEF 19), onde o menino estudava, se mobilizaram para arrecadar doações e custear o funeral do estudante. Ele foi enterrado no dia 1º de dezembro.

Joselina Tavares Siqueira, mãe de Sharley Ângelo, doou as córneas do adolescente.

“Era o que Sharley iria querer fazer”, afirmou a mulher.

Até a publicação desta reportagem, a Polícia Civil procurava os autores do crime.

Bernardo da Silva Marques Osório, 1 ano e 11 meses

Desaparecimento de Bernardo foi registrado na delegacia do DF — Foto: Arquivo pessoal

Desaparecimento de Bernardo foi registrado na delegacia do DF — Foto: Arquivo pessoal

Em 29 de novembro, Bernardo da Silva Marques Osório, de 1 ano e 11 meses, desapareceu após o pai tê-lo apanhado na creche, na Asa Sul. No mesmo dia, a mãe da criança procurou a Polícia Civil do DF e o caso passou a ser investigado pela Divisão de Repressão à Sequestros (DPRS).

Paulo Roberto Osório, o pai, mandou mensagens de texto e de áudio para Tatiana Silva, a mãe do menino. As gravações (ouça abaixo) revelam que ele tinha desavenças com a ex e com a avó da criança.–:–/–:–

Suspeito de matar filho ameaça mãe do menino de nunca mais aparecer com a criança

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No dia 2 de dezembro, Paulo Roberto foi preso em um hotel de Alagoinhas, na Bahia. Ele confessou que dopou o filho com medicamentos (veja vídeo abaixo) e depois “largou o corpo na beira de uma estrada”.

Depoimento de suspeito de matar filho de menos de 2 anos, no DF

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  • No dia 5 de dezembro, a polícia baiana encontrou o corpo de uma criança na zona rual de Palmeiras, cidade da Chapada Diamantina. O local fica a mais de 1 mil quilômetros de Brasília, onde Paulo Roberto de Caldas Osório foi visto com o filho pela última vez.

A roupa, um colar de âmbar no pescoço e a cadeirinha usada no carro para transportar a criança, levaram os policiais e a família a acreditar que se tratava de Bernardo. No entanto, por causa do avançado estado de decomposição do corpo, os exames feitos na Bahia foram inconclusivos.

No dia 7 de dezembro a Polícia Civil do DF confirmou que o corpo encontrado em na rodovia da Bahia era de Bernardo Osório. Bernardo Osório foi enterrado no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, no dia 10 de dezembro.

Paulo Roberto de Caldas Osório foi indiciado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ele está preso na ala de vulneráveis do Complexo Penitenciário da Papuda. A área na penitenciária é destinada a presos que, por risco à própria integridade física, precisam ficar em celas isoladas.

Fonte: G1/DF

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