Força expedicionária brasileira a tomada de Monte Castello

Anos depois de sua derrota na Primeira Guerra Mundial, a nazista Alemanha viu-se em condições de retomar suas terras e de expandir o seu poder sobre outras a serem dominadas, haja vista a ascensão do nazismo e a difusão do nacionalismo.

Reaparelhada militarmente, em 1º. de setembro de 1939 invadiu a Polônia, ato prontamente repreendido pela França e pela Grã-Bretanha, que a ela declararam guerra, o que deu início à 2ª. Guerra Mundial, uma calamidade de característica multinacional, tida como a maior da história da humanidade, por ter envolvido mais de setenta nações que discordavam das opressoras intenções irradiadas pela Alemanha e pelos seus apoiadores – Japão e Itália -, grupo que passou a ser denominado de “Potências do Eixo” ou, simplesmente, “Eixo”.

Por outro lado, uniram-se à França e à Grã-Bretanha a União Soviética, os Estados Unidos da América e a China, mobilizando milhões de militares e formando o que ficou conhecido como “Forças Aliadas”. O Brasil manteve-se na neutralidade, até que, em 1942, permitiu que os Estados Unidos instalassem estratégicas bases militares em suas costas marítimas, abrangendo todo o norte
e o nordeste. As Potências do Eixo, incomodadas com a ajuda prestada pelo Brasil, deu ordens a submarinos alemães para torpedearem navios civis brasileiros, como forma de intimidação do País, para que este fosse desestimulado a prestar auxílio aos americanos.

Como consequência, os navios brasileiros “Baependi”, “Araraquara”, “Aníbal Benévolo”, “Itagiba” e “Arará” foram afundados, o que provocou a morte de cerca de 600 civis.

O Brasil, até então fora do conflito, diante de tamanha afronta e agressividade, em 31 de agosto de 1942 declarou guerra às nazi-fascistas Alemanha e Itália, o que gerou, dentro do próprio Brasil, críticas ferrenhas por parte de personalidades e da imprensa, os quais
diziam, maldosamente, com desprezo às nossas Forças Armadas, que o País não tinha condições de participar da guerra e que seria mais fácil uma cobra a um cachimbo fumar do que o Brasil enviar tropas para o solo conflagrado da Europa.

Um ano depois, em 9 de agosto de 1943, criou-se a Força Expedicionária Brasileira, comandada pelo General Mascarenhas de Morais, a qual foi exaustivamente treinada, até que, em 2 de julho de 1944, teve início o envio de mais de 25 mil homens e mulheres à Itália, sob o comando dos generais Zenóbio da Costa, Cordeiro de Farias e Olímpio Falconière da Cunha, os quais lá desembarcaram entre os meses de setembro de 1944 e fevereiro de 1945, já no último e definitivo terço da guerra, em cinco escalões de envio.

A FEB, com sua 1ª. Divisão de Infantaria Expedicionária, composta pelos Regimentos Sampaio, do Rio de Janeiro; Tiradentes, de São João Del Rey; e Caçapava, de São Paulo; integrou o IV Corpo do Exército Estadunidense, sob o comando do Gen. Crittenberger – subordinado ao V Exército Norte-Americano, dirigido pelo Gen. Mark Clark – inserido no XV Grupo de Exércitos Aliados, composto, precipuamente, por tropas soviéticas, inglesas, norte-americanas e chinesas.

O símbolo da FEB era a imagem de uma cobra fumando um cachimbo, usada para provocar os que duvidavam de que os brasileiros participariam da guerra e de que bem cumpririam sua missão, que era a de ajudar a evitar o acesso à Áustria pelos alemães, onde
os Aliados estrategicamente preparavam a ofensiva final, visando pôr fim à guerra.

Iniciada sua jornada nas sangrentas batalhas, a FEB avançou com determinação por entre montanhas frias e ajudou na conquista de Massarosa, Camaiore e Monte Prano, e na expulsão do exército alemão do Vale do Rio Serchio, retomando a região de GallicanoBarga.
Após, como completa Divisão postada na localidade de Porreta Terme, na base dos Apeninos Setentrionais, sob frio intenso de até 20 graus celsius negativos; muita neve, umidade e contínuos ataques exploratórios desferidos pelas tropas do Eixo; além do esgotamento físico proporcionado por três meses ininterruptos de campanha, sem oportunidade para recuperação; os Expedicionários assumiram a espinhosa missão de, de lá, ajudar a expulsar os alemães da chamada “Linha Gótica” (um sistema de defesa de mais de 280 km de extensão), formada para tentar conter o ganho de chão pelos Aliados, que visavam à conquista do complexo formado por Monte Castello e a região montanhosa aos seus arredores, composta por Belvedere, Della Torraccia e Castlnuovo di Vergato. Esta conquista era tentada há anos pelos Aliados, porém, sem sucesso.

Houve quatro tentativas de tomada de Monte Castello pela FEB. As duas primeiras ocorreram em 24 e 25 de novembro de 1944, com a participação da Esquadrilha de Reconhecimento; do 3º. Batalhão do Regimento Caçapava; e da Força-Tarefa 45 dos Estados Unidos. Por pouco a conquista não se concretizou, sendo frustrada por forte contra-ofensiva alemã, que recuperou as posições perdidas, o que incluía o cume do Monte Castello, obrigando a FEB e os americanos a abandonarem suas posições. A terceira tentativa deu-se em 29 de novembro, com a participação de 3 batalhões brasileiros e apenas 3 pelotões de tanques americanos auxiliares. A intensa chuva e o céu encoberto impediram a ajuda aérea, e a lama inviabilizou a efetiva participação dos tanques estadunidenses. Soldados alemães dos Regimentos 1.043, 1.044 e 1.045 contra-atacaram fortemente as tropas brasileiras, impedindo o seu avanço e, mais uma vez, impedindo a
conquista.

A quarta incursão mal-sucedida em busca da tomada de Monte Castello foi promovida em 12 de dezembro, com a participação do 2º. e do 3º. Batalhões do Regimento Sampaio, tendo sido marcada pela violência enfrentada pelas tropas e pela morte de 150 soldados aliados, dentre os quais 20 brasileiros.

Créditos: imagem: gov.br
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